Ponto de Vista: A chapa Lula-Alckmin é para inglês ver?
Repleta de contradições, união do petista com o tucano movimenta negociações, mas clima ainda é de desconfiança em relação a chapa conjunta

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin estão há semanas alimentando a ideia de uma chapa conjunta para a eleição do ano que vem. Logo no início desta semana, Lula disse com todas as letras que está em fase de “conversas” com tucano. Dias depois, circulou a informação de que os dois pretendiam se reunir para tratar pessoalmente do assunto.
A tal reunião, até onde se sabe, não aconteceu. E aí veio a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e declarou que não existe discussão sobre vice em andamento no partido. Gleisi age para acalmar a ala do partido que torce o nariz para Alckmin. Mas, junto com o que se via até então, o vai-vém alimenta a ideia de que toda a conversa sobre a chapa Lula-Alckmin seria só para inglês ver. Uma espécie de jogada de marketing.
A maior vantagem para Lula nessa estratégia é ganhar visibilidade junto ao eleitorado de centro. O time petista entende que existe uma fatia do eleitorado disposta a votar em Lula mesmo sem nenhuma afinidade com o ex-presidente, só para garantir a derrota do presidente Jair Bolsonaro. Para Alckmin, seria uma forma de valorizar o próprio passe nas negociações com partidos que gostariam de recebê-lo, caso se confirme sua tão especulada saída do PSDB. Por essa tese, logo mais cada um segue seu caminho. Mas todo mundo sai ganhando.
Um líder político com bom trânsito tanto no PT quanto no PSDB se arrisca num palpite: “O que eu acho é que o Alckmin é capaz de nem sair do PSDB. Ele sabe a força da máquina governamental, não vai querer correr o risco de perder em casa disputando o governo de São Paulo por outro partido. E muito menos perder hospedado na casa do PT, para depois ter que explicar para o eleitor dele porque embarcou nessa chapa com Lula.”