Os fantasmas que rondam Haddad e Rodrigo Garcia na pesquisa Quaest
Tanto o líder da corrida estadual quanto o candidato da máquina governamental têm motivos de sobra para se preocupar

A nova pesquisa Genial/Quaest é motivo de preocupação das grandes para dois pré-candidatos ao governo de São Paulo: Fernando Haddad (PT) e Rodrigo Garcia (PSDB). O petista, naturalmente, tem a comemorar por estar na liderança, com 24%. A questão é que o segundo colocado, Márcio França, do PSB, agora tem ainda mais motivos para não arredar o pé da corrida estadual, já que tem 18%.
O PT vem de uma longa trajetória tentando convencer França a retirar a candidatura, mas sem nenhum sucesso até agora. O fato de o PSB ter candidato próprio divide o voto de esquerda e isso, por si só, já é uma dor de cabeça para Haddad. Mais do que isso, Márcio França, embora esteja num partido de esquerda, trilhou sua carreira próximo do ex-governador Geraldo Alckmin. E isso dificulta os planos de Haddad de herdar parte dos votos do ex-tucano, uma vez confirmada sua indicação como vice do ex-presidente Lula na corrida presidencial.
Diante da resiliência de França, o PT até já tenta ver lados positivos de sua permanência na disputa. Um deles é o fato de o ex-governador ter afinidade com um eleitor de centro, ou mesmo de centro-direita, o que poderia contribuir para frear um crescimento do ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, candidato do presidente Jair Bolsonaro.
E é justamente Tarcísio de Freitas quem encarna as maiores preocupações da campanha de Rodrigo Garcia. Com apenas 3%, o vice-governador vê o candidato de Bolsonaro larga com 9% das intenções de voto, mesmo sendo um ilustre desconhecido do eleitor paulista. Esse resultado é atribuído à transferência de votos do presidente, o que poderia jogar Tarcísio para um patamar ainda maior em pouco tempo.
A avaliação de tucanos é que Garcia, pelo simples fato de representar a máquina estadual, tem potencial para chegar facilmente a 20% das intenções de voto. O problema é que ele continua na sombra. O vice-governador ainda espera que João Doria deixe o cargo e confirme sua pré-candidatura à Presidência. Doria, segundo pessoas próximas a Garcia, teria prometido sair na virada do ano. Mas, empacado nas pesquisas, teria optado por permanecer no cargo até o prazo limite, no início de abril.
Além de ficar sem vitrine, Garcia ainda lida com o temor de que Doria desista da corrida presidencial e opte pela reeleição. E, enquanto isso, assiste a Tarcísio correndo solto pelo interior paulista em companhia de Bolsonaro.
Após a publicação, a assessoria de imprensa do governador João Doria entrou em contato com a coluna e afirmou que ele “jamais prometeu deixar o cargo na virada do ano”. “A intenção sempre foi permanecer no cargo até o limite do prazo legal, para cumprir uma extensa agenda de entregas previstas até o final de março”, afirma a equipe do tucano.
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