O jogo por trás das declarações de Tarcísio sobre 2026
Tese de que o governador paulista deve priorizar a reeleição tem adeptos, mas martelo está longe de ser batido
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, voltou a dizer ontem que é carta fora do baralho para a eleição presidencial de 2026. Em entrevista ao Flow Podcast, o governador reiterou que seu plano é buscar a reeleição e prometeu apoiar o nome indicado por Jair Bolsonaro. Forçando a mão, ele até manteve o ex-chefe na lista de potenciais candidatos, apesar da inelegibilidade. Mas Tarcísio e todo mundo à sua volta sabem que ainda não é hora de bater martelo nenhum.
Seja para disputar a reeleição ou para se apresentar como candidato ao Planalto, a ordem dada pelo próprio governador tem sido manter o foco no Estado. Tarcísio tem dito nas conversas reservadas que não quer passar ao eleitor paulista a ideia de que pretende usar o governo estadual como trampolim. Relembra os casos de José Serra e João Doria, que deixaram seus mandatos para alçar voos mais altos.
Tarcísio também diz que de nada adianta tentar projetar neste momento o cenário eleitoral de 2026. São muitos os fatores que vão influenciar a escolha do candidato que levará o apoio de Jair Bolsonaro.
Vai depender da capacidade do ex-presidente de preservar seu capital político e do avanço das investigações contra ele, por exemplo. É fato que, se a situação de Bolsobaro se complicar demais, talvez nem seja interessante tê-lo como cabo eleitoral.
Vai depender também do que vier no campo adversário. Se Lula vai ou não disputar a reeleição, se seu governo estará ou não bem avaliado. Caso o petista opte por um sucessor, também não se sabe ainda qual perfil vai prevalecer.
Mas a ideia de que Tarcísio deveria priorizar o plano da reeleição tem de fato uma boa dose de apoio. Um dos que o aconselham nessa direção é Gilberto Kassab, que costuma argumentar que o governador se beneficiaria muito de um amadurecimento de seu projeto político no Estado antes de se lançar num voo mais alto.
Outro campo que faz torcida contra uma candidatura presidencial do governador é uma parcela do chamado “bolsonarismo raiz”. Essa turma torce bastante o nariz. Diz que Bolsonaro precisa escolher um sucessor que seja “de fato de direita”. E acha Tarcísio tem se posicionado muito ao centro.