Desaparecimentos e dossiê elevam pressão sobre presidente da Funai
Documento com mais de 200 páginas relata desmonte das políticas públicas para povos indígenas e eleva pressões sobre o presidente da entidade

Somado ao trágico desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, o dossiê de mais de 200 páginas produzido pela INA (Indigenistas Associados), associação de servidores da Funai, e pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) tem entre seus objetivos elevar as pressões diretas sob o atual presidente da Funai, Marcelo Xavier.
Indicado em 2019, o delegado da Polícia Federal é apontado no relatório como o executor da “política anti-indigenista” adotada na fundação, sustentada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Segundo informaram à coluna líderes responsáveis pelo relatório, o material já vinha sendo produzido há bastante tempo, mas o desaparecimento de Pereira e Pillips contribuiu para jogar luz sobre o problema.
O documento, divulgado na íntegra nesta terça-feira, relata práticas que vão desde o esvaziamento de políticas de proteção aos povos indígenas e demarcação de terras até a intimidação a grupos que se opõem à política do governo. O texto aponta um alinhamento direto da cúpula da Funai aos interesses da bancada ruralista e menciona até mesmo a abertura de inquéritos na Polícia Federal, a pedido de Xavier, com o objetivo de enquadrar indígenas e servidores.
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