A pesquisa Ipec e o fim da lua de mel do governo Lula
Presidente parece caminhar a passos rápidos rumo a um cenário de pessimismo generalizado

Três meses de governo é pouco e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve de fato que enfrentar uma sucessão de turbulências nesse período. Crise ianomâmi, 8 de janeiro, briga com o Banco Central, nova âncora fiscal. Mas o contexto não muda um fato que tem tudo para estragar o humor do presidente: seu governo parece caminhar a passos rápidos para o fim da lua de mel, aquela fase pós-eleição na qual a opinião pública dá um voto de confiança ao novo governo.
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Os dados da pesquisa Ipec divulgada ontem são um exemplo cristalino desse quadro. O que mais chamou a atenção desta colunista não foram os dados de aprovação, em razoáveis 39% a favor do governo, ou a leve oscilação negativa de dois pontos na avaliação do presidente, para 39%.
O que salta aos olhos é que quase metade da população brasileira está decepcionada. Tenham ou não votado em Lula, 48% dos entrevistados consideram que ele fez menos que o esperado até agora. Os que acham que ele cumpriu o esperado somam 31%. Só parece ter restado algum otimismo em 13% dos entrevistados, que disseram achar que Lula superou as expectativas.
A parcela dos que desaprovam a maneira de Lula de governar também apresenta viés de alta. O indicador oscilou de 35% para 37% em um mês. E os que aprovaram estão em número inferior ao da pesquisa anterior: foram de 57% para 54%. Ou seja, menos gente olha para o presidente e acha que ele está no caminho certo.
O encanto está passando, se é que já não passou. E isso era tudo o que governo não queria neste momento. Lula precisa de um clima de confiança para articular projetos difíceis no curto prazo. Votar a nova regra fiscal, negociar a reforma tributária, convencer o BC a reduzir a taxa de juros. Era de se esperar um quadro mais favorável nesse estágio. Ainda mais para um presidente de terceiro mandato, que conhece muito bem o caminho das pedras.
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