Mãos à obra: estudantes trabalham em comunidade carente e criam móveis infantis para instituições filantrópicas
A urbanização de favelas ainda é incipiente no Brasil, com poucas iniciativas de sucesso e raros casos em que mudanças de governo não paralisaram ou alteraram os rumos dos projetos em andamento. Outro complicador é a falta de arquitetos e urbanistas interessados em trabalhar no desenvolvimento desses locais. Trata-se de uma tarefa árdua, que envolve […]


Mobiliário infantil desenvolvido pelos alunos de arquitetura da Belas Artes e doado a instituições: ações sociais do curso// Na foto acima, o Kit Quadro inspirado em Sérgio Sister. Autores: Bruna Badra, Dhavi Chad, Isadora Araújo, Mariane de Oliveira e Marina Borelli
A urbanização de favelas ainda é incipiente no Brasil, com poucas iniciativas de sucesso e raros casos em que mudanças de governo não paralisaram ou alteraram os rumos dos projetos em andamento. Outro complicador é a falta de arquitetos e urbanistas interessados em trabalhar no desenvolvimento desses locais. Trata-se de uma tarefa árdua, que envolve saber se relacionar com os moradores e a lidar com a informalidade. Para especialistas, esse panorama poderia melhorar se as escolas de arquitetura ajudassem a despertar o interesse de seus alunos pela urbanização de favelas, dando maior ênfase ao assunto durante os anos de formação desses profissionais.
Docentes do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes criaram um programa para contribuir com a urbanização da comunidade Spama, que fica em Pirituba, Zona Norte de São Paulo. Ali, cerca de 300 famílias moram em casas de madeira sem saneamento básico. O objetivo é criar e colocar em prática uma rede de água e esgoto e ensinar os moradores a fazer as instalações básicas, para que possam prosseguir com as melhorias por conta própria. Além de servir como experiência prática, as visitas ensinam que existem outras realidades bem diferentes da conhecida pelos alunos, a maioria de classe alta. Seguindo essa proposta, os trajetos até lá são feitos de metrô. “Alguns pais nos procuram preocupados com a segurança de seus filhos”, conta o coordenador do curso de Arquitetura Ênio Moro Junior. Além de mostrar que não há razão para se preocupar, explicando que há um intenso diálogo entre os docentes e os líderes comunitários e que andar de metrô não tem nada demais, Moro Junior reforça a importância da experiência como parte da formação profissional. Um imóvel anexo à Belas Artes serve de canteiro de obras, onde os estudantes praticam técnicas de construção, elétrica e hidráulica.

Trabalho na comunidade Spama, na Zona Norte de São Paulo: experiência prática em área carente
Em outra frente, o curso desenvolve mobiliário que é doado para instituições filantrópicas. Entre as mais recentes beneficiadas estão a unidade de Praia Grande da Apae, que cuida de jovens e crianças com deficiência intelectual, a Associação Amigos do Parque Figueira Grande e CCA Ermelino Matarazzo. Nos últimos quatro anos, foram entregues 19 brinquedotecas (veja abaixo mais alguns dos móveis criados). “São ações importantes para sensibilizar os jovens”, diz Moro Junior. Neste ano, o curso completa 35 anos.

Cadeira inspirada em Tomie Ohtake. Autores: Allan Nagliati, Debora da Branca, Henrique Kendi, Josivania Oliveira, Carlos Andrade Junior e Tamires Cerone
Mesa de grupo inspirada em Di Cavalcanti. Autores: Danilo Monteiro, Dyego Digiandomenico, Gabriele Landin, Marilia Mazzaro e Radharani Rocha
Nicho de leitura inspirado em Rivane Neuenschwander. Autores: Daniel H. Conti, Felipe B. Ortega, Gustavo Apolinário, Lucas B. Salgado, Pietro Cataldo, Richard W.P. Sacchi e Rodrigo Duarte
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