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Por Mariana Barros

A cada mês, cinco milhões de pessoas trocam o campo pelo asfalto. Ao final do século seremos a única espécie totalmente urbana do planeta. Conheça aqui os desafios dessa histórica transformação.

Brasil

Antigo shopping dos Estados Unidos se transforma em edifício com lojas e 48 microapartamentos

Modelo criado em Rhode Island é inspiração para outros centros de compras que fecharam as portas por todo o país

Por Mariana Barros SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2024, 00h23 - Publicado em 19 fev 2016, 11h59

Fachada do Arcade Providence, em Rhode Island (Fotos Northeast Collaborative Architects)

Moradores de Rhode Island, nos Estados Unidos, podem escolher morar dentro de um shopping center. O mais antigo do país, o Arcade Providence, passou por uma reforma de 7 milhões de dólares para ser convertido em um edifício misto, com lojas no térreo e 48 micro apartamentos nos andares superiores.

A transformação faz parte do esforço de empresários e lojistas americanos em descobrir o que fazer com esses espaços enormes, que a cada ano se tornam menos frequentados. Paraísos das compras nos anos 1990, quando se construía em média 140 novos shoppings centers por ano no país, esses locais caíram em desuso. Para se ter uma ideia, a última vez que se inaugurou um shopping nos Estados Unidos foi em 2006. De lá para cá, muitos fecharam as portas, ameaçados por mudanças comportamentais e econômicas, como o fortalecimento do comércio online e os efeitos da recessão de 2008.

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A dificuldade em dar um novo uso a essas edificações se estende por todo o país. Vários deles permanecem abandonados, enquanto outros estudam a conversão em clubes e centros culturais. A fórmula encontrada pelo Arcade Providence pode jogar luz nessa história.

Interior do antigo shopping, com lojas no térreo e microapartamentos nos andares superiores

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O projeto do escritório Northeast Collaborative Architects permitiu a instalação de 17 lojas no térreo e 48 unidades de baixo custo entre 20 e 40 metros quadrados. Estão todas para locação, ao preço de 550 dólares por mês. A fachada grega e o átrio central foram mantidos, preservando as características da construção original que data de 1828. Por dentro, os apartamentos já vêm equipados com cama, banheiro, geladeira, pia, microondas, mobília e armários.

Para os inquilinos não ficarem confinados nas metragens reduzidas foi criada uma área compartilhada com sala de televisão, sala de jogos, lavanderia e bicicletário. Uma garagem do outro lado da rua acomoda os veículos dos moradores. Há ainda uma unidades com dois e outra três quartos, com mais de 4.000 interessados em alugar uma das duas.

A perda de público dos shoppings e a consequente descentralização dos pontos comerciais tornam a vida urbana mais intensa. Consumidores passam a se deslocar para outros pontos da cidade e podem preferir não fazê-lo de carro, já que é mais raro haver um amplo estacionamento à disposição. Os pequenos comerciantes ganham fôlego e as ruas se tornam mais seguras, por serem mais frequentadas. Por outro lado, é preciso evitar o despedício e impedir que edifícios caros e bem estruturados fiquem à mercê da degradação. Se for possível contribuir para aumentar a oferta de moradia popular permitindo que pessoas de baixa renda vivam melhor, esses locais poderão voltar a ser chamados de paraísos.

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