O que o caso Griner revela sobre as discussões de legalização da cannabis
Esportista americana presa na Rússia se declarou culpa de posse cannabis e pode pegar até 10 anos de prisão na Rússia
Nesta quinta-feira (7), a esportista americana Brittney Griner se declarou culpada das acusações de posse de drogas na Rússia. Para relembrar, a jogadora que atua tanto na WNBA, a liga feminina de basquete dos Estados Unidos, pelo Phoenix Mercury, quanto na liga russa, pelo UMMC Ekaterinburg, foi detida em fevereiro depois que agentes do aeroporto de Moscou encontraram óleo de cannabis em sua bagagem. Ela foi acusada de posse de drogas e contrabando e pode pegar até 10 anos de prisão.
É um caso dramático que se transformou em um verdadeiro incidente diplomático. Seus amigos e familiares ficaram semanas sem saber direito o que havia acontecido, e ela encara acusações muito sérias. Em sua bagagem, a jogadora levava cartuchos vape com menos de um grama de óleo de cannabis, mas foi suficiente para enfurecer os agentes russos. Ela admitiu a culpa pela posse, mas afirmou que não tinha intenção de desrespeitar as leis locais. Sua sentença será proferida no dia 14 de julho.
O presidente Joe Biden já se manifestou a respeito e afirmou estar fazendo o possível para que ela retorne aos EUA. Autoridades americanas dizem que ela foi detida ilegalmente, e alguns especialistas afirmam que a prisão de Griner está sendo usada como ferramenta política pelos russos. A intenção seria fazer uma troca de prisioneiros, e o nome mais cotado é o de Viktor Bout, traficante de armas detido em uma prisão americana.
Mas o caso de Griner chama a atenção para as discussões sobre a legalização da cannabis – e como o caminho ainda é longo, inclusive nos Estados Unidos. Embora tenha sido legalizada em 19 estados americanos, e seu uso medicinal tenha sido liberado em 37 estados, ela ainda é classificada como uma substância controlada (schedule I) por uma lei federal de 1970. Isso significa que qualquer americano que carregue óleo de cannabis em sua bagagem durante um voo pode ser preso. E a erva ainda é totalmente ilegal em estados como Georgia e Idaho, entre outros.
O governo Biden já prometeu acelerar uma transformação na legislação, mas nada ainda foi feito. Uma lei federal teria o efeito de legalizar o consumo medicinal ou recreativo, e poderia ainda liberar da prisão dezenas de milhares de americanos presos por posse de cannabis. O caso de Griner mobilizou celebridades, esportistas e a opinião pública americana de forma ampla e pode, talvez, ajudar os Estados Unidos a avançarem na discussão do tema. Apoio popular para isso existe: uma pesquisa feita pela Gallup em 2021 aponta que 68% dos americanos é a favor da legalização.