PP, PSD e a Teoria dos Jogos
Para os deputados indecisos, importa pouco se Dilma vai ficar ou cair – o importante é que tomem juntos a mesma decisão
Algumas dezenas de deputados do PP, PSD e congêneres estão enfrentando um dilema clássico da Teoria dos Jogos – o problema da coordenação.
A Teoria dos Jogos é o estudo da tomada de decisões em situações de incerteza, quando não sabemos qual será a decisão dos outros jogadores. Nos jogos de coordenação, um participante tem vantagem se tomar a decisão da maioria; do mesmo modo, os jogadores em conjunto levam a melhor se escolherem a mesma opção.
É um dilema semelhante à escolha do padrão tecnológico por uma empresa. O importante não é escolher o sistema americano ou europeu de TV, mas o mesmo padrão que a maioria das outras empresas.
Para o PP e PSD, importa pouco se Dilma vai ficar ou sair – o importante é que fiquem juntos no mesmo barco. Há dois piores cenários para os deputados desses partidos: permanecerem fieis a Dilma e o impeachment passar, ou abandonarem Dilma e o impeachment cair.
No primeiro caso, terão de engolir o mico de ter defendido até o fim esse governo constrangedor. No segundo, perderão à toa cargos e privilégios reservados a aliados.
A relação entre PP e PSD lembra o “jogo da batalha dos sexos”. Um casal precisa definir o que fazer no sábado à tarde. O homem quer ir ao jogo de futebol, a mulher prefere ir ao shopping. Mas, para os dois, o mais importante é que passem o fim de semana juntos. A solução não é difícil: ou os dois vão ao shopping ou vão juntos ao jogo de futebol.
Como o mais vantajoso é tomar a mesma decisão que os outros participantes, deveremos ver nos próximos dias um efeito manada a favor ou contra o impeachment. Se ficar claro que a oposição tem os 342 votos, o impeachment deverá ser aprovado por muito mais que isso. Do contrário, se o impeachment subir no telhado, veremos uma boiada de deputados jurando a Dilma que sempre foram fiéis, que adoram o PT, que jamais passou pela cabeça deles votar contra o governo.
@lnarloch