O anúncio de que o PMDB vai lançar candidato próprio em 2018 teve, digamos, com alguma generosidade, uma recepção modesta. Ninguém, talvez só com uma refinada ironia, apareceu pela internet dizendo “cara, agora sim o Brasil vai pra frente, #énóisPMDB!”.
Eu devo ter sido o único a me entusiasmar com a notícia. No momento em que li a respeito levantei e gritei pela janela: “Em 2018 eu sou 15!”. Vocês têm o meu voto, caros seguidores de Sarney. Já vou botar um adesivo no carro e mandar fazer uma camiseta.
Explico minha escolha solitária em três passos:
1. O melhor político não é aquele que tem mais chance de melhorar o país, mas o que pode piorá-lo menos. É ilusão acharmos que políticos têm grande poder de melhorar o mundo; mas capacidade de prejudicar, isso eles têm de sobra. Como diz o Bastiat, “nunca desconfie da capacidade do governo de piorar o que já é ruim”.
2. Os políticos com maior poder de arruinar um país são aqueles cheios de ideologias, convicções e atitudes enérgicas. Nações levam décadas para prosperar, mas basta um governo cheio de homens convictos para esculhambar o ambiente de negócios, espantar empreendedores, levar a inflação às alturas e espalhar a miséria.
3. De toda a montoeira de partidos do Brasil, o PMDB é o mais avesso a ideologias. Ou melhor, a única ideologia do PMDB é a malemolência, o “deixa-disso”, o “não-inventa”. Nenhum partido representa tão bem o pouco apego dos brasileiros a ideologias. Se há aqueles partidos de esquerda, direita, extrema-esquerda, extrema-direita e centro, o PMDB supera todos eles: é o partido do extremo-centro. Um partido assim, radicalmente desprovido de radicalismos, é de longe a nossa melhor opção.
Entendo que o desapego ideológico dos brasileiros tem um lado ruim. Sem nenhuma grande convicção, nunca seremos a vanguarda de nada no mundo. Mas, como diz meu amigo Joel Pinheiro da Fonseca, a vantagem da malemolência ideológica é muito maior: nos previne de genocídios, revoluções sanguinárias e totalitarismos que destruíram os países que se deixaram levar por ideologias.
Não só acabo de declarar meu voto ao candidato do PMDB como já me ofereço para participar do marketing da campanha. Minha primeira proposta é manter a sigla, mas mudar o nome. “Partido da Malemolência Democrática Brasileira” seria muito mais fiel à função do PMDB na política atual. Também precisamos pensar num slogan. Uma frase que sintetizaria a tradição intelectual do partido seria esta:
Vote PMDB. Sei lá, mil coisas.
@lnarloch