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Caçador de Mitos

Por Leandro Narloch Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia

Oliver Sacks e a sorte de morrer de câncer

Por Leandro Narloch
Atualizado em 5 jun 2024, 11h15 - Publicado em 20 fev 2015, 09h28

Se você pudesse escolher como gostaria de morrer, que tipo escolheria? Para facilitar a decisão, eis quatro causas comuns de morte de idosos (eu espero que você não opte por morrer jovem):

1) Quedas e acidentes.

2) Demência, depois dos 80 ou 90 anos.

3) Falência de órgãos.

4) Câncer.

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O médico Richard Smith, ex-editor do British Journal of Medicine, criou em janeiro um pequeno alvoroço na Inglaterra ao afirmar que, dos quatro tipos acima, o câncer é de longe a opção mais digna. “A morte por câncer é a melhor”, diz ele. “Você pode dizer adeus, refletir sobre sua vida, deixar últimas mensagens, talvez visitar lugares especiais pela última vez, ouvir suas músicas favoritas, ler poemas queridos, e preparar, de acordo com suas crenças, o encontro com seu criador, ou desfrutar esquecimento eterno.”

É a oportunidade que o escritor e neurologista Oliver Sacks está aproveitando. Num artigo comovente no New York Times de ontem, ele avisa a todos que deve morrer em breve, pois foi diagnosticado com câncer terminal no fígado, e agradece pela vida que teve. O texto é de chorar:

Não posso negar que estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Eu amei e fui amado; doei muito e retribuí; li e viajei e refleti e escrevi. Eu tive uma boa relação com o mundo, a relação especial de escritores e leitores.

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Acima de tudo, eu fui uma criatura sensível, um animal pensante neste planeta maravilhoso, e isso já é um enorme privilégio e aventura.

Uma despedida como essa não seria possível em outros tipos de morte. Quem é vítima de um acidente tem uma morte repentina, não pode dar adeus ou investir numa conciliação há muito tempo adiada. A morte por demência costuma chegar só depois de longos anos depois da perda total de consciência. A falência de órgãos causa uma morte hospitalar, rodeada de médicos. Sobra o câncer terminal. “Fique longe de oncologistas superambiciosos”, diz o médico Smith, “e vamos parar de gastar bilhões tentando curar o câncer, pois isso provavelmente nos levará a uma morte muito mais horrível”.

Quem diria: o câncer, para muita gente uma sentença, uma prova inequívoca da má sorte, talvez seja nossa melhor opção.

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