
O Ministério Público Federal (MPE) de São Paulo apresentou na semana passada uma pesquisa mostrando que mais de 70% dos atos infracionais (crimes cometidos por menores) vem de jovens entre 16 e 18 anos. Crianças entre 12 e 15 são responsáveis pelos outros 30%.
Entre os estudiosos de evolução do comportamento humano, o levantamento do MPE só confirma o que se sabe há muito tempo. Em humanos, violência costuma ser coisa de homens, e homens jovens (entre os 15 e pouco mais de 30 anos). Essa regra vale tanto para caçadores do Paleolítico quanto para samurais do século 14 e garotos das favelas cariocas.
Mas há um estágio da vida ainda mais violento que a juventude. É justamente a época que inspira elogios como “que gracinha!” ou “mas que fofura”.
O psicólogo e pediatra canadense Richard Tremblay passou duas décadas medindo a frequência do comportamento agressivo em 35 mil canadenses de 5 meses a 20 anos de idade. Concluiu que o pico de violência é aos 2 anos. A criança dessa idade, como não tem empatia nem conhece outra forma para expressar insatisfação, morde, chuta, belisca ou empurra os outros diversas vezes por dia. “Os bebês não se matam entre si porque não lhes damos armas de fogo”, diz o pesquisador.
Tremblay também acompanhou a evolução da agressividade em diferentes crianças. Descobriu que em 5% dos casos a violência não diminui naturalmente a partir dos 4 ou 5 anos. Para ele, jovens criminosos não se tornam violentos – apenas não abandonam o comportamento violento depois dos “terríveis 2 anos”. A questão, então, não é descobrir o que causa a violência, mas o que impede algumas crianças de se tornarem adultos pacíficos.
@lnarloch