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Caçador de Mitos

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Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia

Ideias e ursinhos de pelúcia

O ser humano trata sua convicção política como um ursinho de pelúcia. Cuida dela, a protege, se ofende quando a desmerecem e custa a desapegar mesmo quando a crença já está encardida e malcheirosa

Por Leandro Narloch
Atualizado em 5 jun 2024, 04h04 - Publicado em 15 abr 2016, 12h59

Por que tantos eleitores petistas continuam defendendo o PT mesmo depois do partido ter traído ideais preciosos dos petistas e levado à estratosfera a corrupção que prometia erradicar?

A explicação em que eu aposto minhas fichas é esta aqui: o ser humano se agarra a uma convicção política como a ursinhos de pelúcia. Cuida dela, a protege, se ofende quando a desmerecem e custa a desapegar mesmo quando a crença já está encardida e malcheirosa.

Quando apresentamos argumentos, números e fatos para tentar convencer os outros, caímos no erro de acreditar que as pessoas querem mudar de ideia. Mas elas não estão dispostas a isso, pelo menos a maioria delas. Só querem mais argumentos que fundamentem a opinião que já possuem.

Se você acordou com vontade de acreditar que impeachment é golpe, e principalmente se essa crença integra a sua autoimagem, sua identidade coletiva e o modo como você enxerga e se coloca no mundo, não há diabo que o faça acreditar no contrário. Não adianta eu mostrar dezenas de bons argumentos em defesa do impeachment de Dilma, ou dados mostrando os absurdos da sua opinião. Você vai continuar acreditando nela – e, pior ainda, talvez fique com raiva de mim e das pessoas que concordam comigo. Essa raiva o fará acreditar que em impeachment é golpe com ainda mais convicção do que se eu não tivesse tentado dissuadi-lo.

Em outras palavras, se eu digo que o seu ursinho de pelúcia é feio e mixuruca, você fica bravo – e se agarra a ele com ainda mais força.

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Talvez devêssemos ser indiferentes ou estritamente racionais com ideias. Eu acredito em A; você me apresenta argumentos em defesa de B; eu friamente mudo de ideia. Mas não. Misturamos todo tipo de paixões a ideologias e convicções políticas.

Como diz o filósofo Emil Cioran: “Em si mesma, toda ideia é neutra ou deveria sê-lo, mas o homem a anima, projeta nela suas chamas e suas demências; impura, transformada em crença, insere-se no tempo, toma a forma de acontecimento: a passagem da lógica à epilepsia está consumada…”

É por isso que vale muito pouco a pena gastar tempo tentando mudar a opinião dos outros sobre o PT. Pessoas que defendem o partido ainda hoje, ou que dão abraços em Lula durante cerimônias em homenagem a ele, estão erradas não porque não tiveram acesso a informações corretas. Elas não querem estar certas.

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@lnarloch

Com trechos originalmente publicados no livro Pensamentos Liberais, publicado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), 2016. 

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