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Caçador de Mitos

Por Leandro Narloch Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia

Em defesa dos vaidosos

Por Leandro Narloch
Atualizado em 31 jul 2020, 00h46 - Publicado em 5 ago 2015, 17h35

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Muita gente se estarreceu com a pesquisa da Fecomercio segundo a qual os brasileiros gastam mais em beleza (20,3 bilhões de reais) que em educação (17 bilhões). “É por isso que o país não vai pra frente”, vi alguém dizer no Facebook. Pois eu saio em defesa dos vaidosos. Se o objetivo do consumo é aumentar o salário, gastar na manicure e no cabeleireiro não é tão absurdo quanto parece.

Não dá pra negar a importância da educação para a renda. O salário dos brasileiros cresce em média 15% a cada ano de estudo, segundo uma pesquisa da FGV de 2008. Esse retorno da educação diminui à medida que todos se escolarizam. Está em 17% no Nordeste, 12% na região Sul e apenas 6% na Suécia.

Mas a “taxa de retorno da beleza” tampouco é desprezível. Um bocado de estatísticas mostra que pessoas pouco atraentes e mal cuidadas ganham menos, têm menos chances de serem contratadas e são demitidas com mais facilidade.

Nos Estados Unidos, um dos primeiros estudos sobre o tema concluiu que mulheres consideradas feias por voluntários ganhavam 4% menos que a média, enquanto as bonitas tinham um salário 8% acima da média. No caso dos homens, o bônus à beleza é menor (4%) mas a penalização aos feios é de 13%. Na China, a diferença de salários entre funcionários feios e bonitos chega a 28%. Não há estudos similares no Brasil.

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Gastar na academia ou na nutricionista também vale a pena. Na Suécia, um estudo classificou homens de acordo com o peso que eles apresentaram ao se alistarem no Exército. Quem estava acima do peso, décadas depois, tinha um salário 16% menor que a média.

Há ainda outro motivo para investir mais em beleza que em educação. Não existem manicures grátis, mas escolas, sim. Cálculos de retorno da educação, como o da FGV que eu citei acima, relacionam salários a anos de estudo, e não ao dinheiro gasto pelas famílias com escolas particulares. As pesquisas não diferenciam anos de estudo em escolas privadas ou públicas. Já a relação entre investimento dos pais e salário dos filhos no futuro é muito mais frágil. No ensino superior, a relação é até inversa – quem estudou em universidades gratuitas costuma ter salários melhores que a turma de faculdades privadas.

Alguém pode argumentar que não devemos nos adequar ao preconceito do mercado de trabalho. Mas discriminações assim são difíceis de combater e até mesmo de serem percebidas. Nunca deixarão de existir. Ao conhecer uma pessoa, instintivamente procuramos sinais da aparência que mostrem status, origem ou nível cultural. Enquanto não se consegue controlar o viés dos avaliadores e especialistas em Recursos Humanos, vale a pena, sim, investir em beleza.

@lnarloch

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