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Vlady Oliver: Os ratos da gaiola

Conheço deficientes de todos os tipos, e posso afirmar que os que mais pesam no mundo são os deficientes morais, aqueles aos quais só falta mesmo vergonha na cara

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 22h22 - Publicado em 4 jul 2016, 03h17

Já criei hamsters em casa. E doei-os de volta para loja quando a coisa simplesmente se tornou insuportável. Era um casal, que virou mais de 60 intrépidos curiosos a fugirem das inúmeras gaiolas que compramos, na vã tentativa de conter a turba insaciável. Acontece que, bem alimentados e fagueiros, os minúsculos roedores vão parindo numa progressão avassaladora.

Precisam ser separados, pois brigam, pais tentam comer os filhos, mães trabalham feito mulas e são monogâmicas – o que não sabíamos e gerou um estupro em família que resultou na matriarca do bando atirando os filhotes de uma das crias para fora da gaiola e uma mal sucedida tentativa de salvá-los dando leite em seringas. Mas o caso é que, perdida a chance de um mínimo controle de natalidade, o que temos depois aponta para uma falência daquela sociedade por múltiplos motivos: violência, submissão, opressão dos maiores sobre os menores e tudo o mais.

É o que explica a humanidade hoje, meus caros amigos. Passou do ponto. Esquizofrenou-se. Rendeu-se a uma multiplicidade de angústias, misérias, pobrezas, chiliques e crendices que não param em pé sem uma boa dose de vigarice. Não sou conspiracionista. Em contrapartida, não sou crédulo. Acho engraçado existir todo tipo da caminhada sobre o mundo. Há os que correm, os que se arrastam, os que sofrem e os que simplesmente andam.

É para estes, em média, que o mundo é feito, mas há uma gigantesca arquitetura moral tentando nos convencer a parar e empurrar os desvalidos. Nada contra, se realmente desvalidos fossem. Em geral, são encostados. Burocratas. Amantes da falcatrua. Poetas do atraso. Conheço deficientes de todos os tipos e posso afirmar que os que mais pesam no mundo são os deficientes morais, aqueles aos quais só falta mesmo vergonha na cara.

Se físicos pudessem mensurar a “influência dos planetas” em nossa vida cotidiana, ela com certeza seria muitas vezes menor que nossa própria auto-sugestão. Nada contra quem é chegado num horóscopo, pois a auto-sugestão é a mesma. O que estou dizendo é que tanto faz se existe um “complô mundial” pela instalação do comunismo no mundo ou se isso simplesmente é uma mentalidade resultante de nossa falência como sociedade planetária organizada. Dá no mesmo.

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A pilhagem é a mesma; a acumulação de riquezas em detrimento da maioria absoluta da humanidade a mesma; a falta crônica de um pingo de bom senso de ambos os lados – os que têm e os que não têm – resulta mesmo num clima de beligerância e indecência jamais visto. Não sou tolo a ponto de dizer que precisamos nos desarmar mais para amar mais também. Precisamos encontrar um equilíbrio possível, frente a uma absoluta incapacidade de oferecer tudo a todos simultaneamente.

Precisamos decidir – e rápido – quem terá o direito de sobreviver por aqui. Os ratos não param de parir. Só quando os devolvi para a loja é que o dono me disse que são muito apreciados pela colônia oriental que vivia por lá.

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