Valentina de Botas: O picadeiro infame só é competente para se manter infame
VALENTINA DE BOTAS A revolução canalha dos incompetentes teceu esta noite profunda em que a hora mais escura parece não preceder a aurora, mas outra hora ainda mais negra. Até que venha a tão bonita manhã, o picadeiro infame só é competente para se manter infame. No esforço bem-sucedido de aprofundar torpezas antigas, inaugurar as […]
VALENTINA DE BOTAS
A revolução canalha dos incompetentes teceu esta noite profunda em que a hora mais escura parece não preceder a aurora, mas outra hora ainda mais negra. Até que venha a tão bonita manhã, o picadeiro infame só é competente para se manter infame. No esforço bem-sucedido de aprofundar torpezas antigas, inaugurar as inéditas e sedimentar as até então apenas sugeridas, as escolhas da política externa lulopetista insufla o antiamericanismo mais bronco que despreza os interesses do Brasil e os contornos éticos nas questões comerciais e geopolíticas, guiando-se apenas pelo gel esquerdofrênico.
Abrigado no ódio que as esquerdas amam cultivar contra os americanos, há uma coisa resistente à civilização: o antissemitismo. É a judeofobia, ou isrraelofobia porque a coisa seria apenas contra o governo israelense, desculpam-se os judeofóbicos, numa acrobacia lexical que falha miseravelmente em esconder a verdade: tudo é a mesma coisa asquerosa. Ou o que têm a ver professores e estudantes israelenses com o governo de Israel? Então, José Fernando Schlosser, pró-reitor de pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria-RS, perpetrou em papel oficial timbrado o pedido para que estudantes e professores israelenses frequentadores da instituição sejam identificados.
Deve-se elaborar uma lista – santo Deus! – com o nome, endereço e outras informações. A coisa repugnante, Schlosser esclarece, atende uma solicitação do Diretório Central de Estudantes, Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), Associação dos Servidores da UFSM (Assufsm) e Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino. Para quê? Talvez marcar posição, insultar estudantes e professores de Israel – e brasileiros! – avisando que, no Brasil, eles estão submetidos à execrável identificação como seus antepassados judeus em outros cenários que, iniciando-se com os esboços discriminatórios como as tais listas, resultaram em desenhos infernais.
Pois aqui, por enquanto, isso não é só abjeto, é crime também. No circo mambembe brasileiro ainda há lei, a mesma que falha ao tardar, mas ela já foi acionada, informa o site de VEJA, saibam Schlosser e os tais grupelhos moralmente indigentes cujos adeptos, livres aqui para se atar a primitivos territórios mentais liberticidas, seriam enforcados pelos regimes que elogiam: o esquerdismo, a prática do sexo antes do casamento, o uso e a defesa da liberação de drogas, a militância feminista e gaysista, e outras picuinhas possíveis apenas na democracia burguesa vigente inclusive em Israel, levariam todos esses judeofóbicos a povoarem a tétrica paisagem de corpos pendurados em guindastes pelo regime islamofascista iraniano, ou ao fuzilamento pelo Hamas, o verdadeiro opressor da população palestina.
Claro que esses imbecis de Santa Maria têm o direito de manifestar, dentro da lei, a crítica ao governo de Israel, mas estudantes e professores israelenses são o governo israelense? Não, mas é tudo uma judeuzada só, não é mesmo? O ambiente acadêmico brasileiro, cada vez mais irrelevante no mundo civilizado e verdadeiramente intelectualizado, há muito está doente e a revolução dos canalhas veio matá-lo de primitivismo. Fora do Oriente Médio, essa coisa medonha viceja nos países bolivarianos, mais agudamente na narcoditadura de Nicolas Maduro e de forma crescente na Argentina. Outros dois circos contíguos ao nosso, em que se sucedem espetáculos infames numa geopolítica com o gel da sordidez.