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Valentina de Botas: A Lava Jato eleva as esperanças, nosso produto interno básico para vislumbrar um país limpo dessa súcia

VALENTINA DE BOTAS Se a Lava Jato fosse uma pessoa e Dilma tivesse o poder bolivariano com que sonha, a presidente reeditaria os tempos de dossiês fraudulentos para enlamear nossa operação mãos limpas. Na italiana, mais de 1.200 pessoas foram condenadas entre políticos, agentes públicos e empresários. O diretor financeiro da petrolífera estatal ENI, que […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 00h49 - Publicado em 30 jul 2015, 12h41

VALENTINA DE BOTAS

Se a Lava Jato fosse uma pessoa e Dilma tivesse o poder bolivariano com que sonha, a presidente reeditaria os tempos de dossiês fraudulentos para enlamear nossa operação mãos limpas. Na italiana, mais de 1.200 pessoas foram condenadas entre políticos, agentes públicos e empresários. O diretor financeiro da petrolífera estatal ENI, que drenava recursos para o PSI, se suicidou quando denunciado a exemplo de Raul Gardini, o presidente do segundo conglomerado privado do país, tipo as empreiteiras daqui. Pulverizaram-se a carreira e a biografia emblemática de dois ex-primeiros ministros, Bettino Craxi e Giulio Andreotti (o líder do Democracia Cristã, por envolvimento com o crime organizado).

A magnitude de tudo fez alguns analistas afirmarem que a operação encerrou a chamada Primeira República Italiana. Faxineira de araque nas horas vagas da presidente farsante, Dilma sequer cogitou higienizar a administração que o criador lhe transferia nominalmente porque a podridão é constitutiva, inerente, intrínseca do jeito PT de governar uma vez que o objetivo é manter-se no poder, não administrar o país. Ou, por outra, administrá-lo pelas veredas da imundície para conservar o grande sertão: o poder.

Somente necrosando tudo em volta, proliferando a carne da moral morta pelos poderes republicanos e suas instituições, coagindo a sociedade a ver-se refletida na súcia – no bordão vigarista do é-tudo-igual que só não seria entoado por quem não gosta que pobre estude em faculdade de quinta categoria ou por quem não aceita que uma mulher parva seja presidente – naturalizar espantos e tomar por normalidade a canalhice institucionalizada, somente assim os farsantes garantiriam a perenidade a que se julgam predestinados. É na paisagem de um lixão político que lulopetistas, camuflados como alguns bichos na natureza, se garantem.

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Sim, a Lava Jato derrubou o PIB e prejudicou a economia: somente na república da súcia com suas campanhas do diabo e que se arrumou na vida, pois azelite-empreiteira que financiava tudo com o nosso dinheiro está ocupada na cadeia. No país esbulhado também moralmente, o PIB retraído e a economia desidratada resultam do projeto frutificado na alma presa à sarjeta de um jeca que, descendo sempre mais, sobe num palanque para defender os pobres enquanto os espolia.

Resultam da continuidade do sucateamento do país garantida numa mulherzinha espertalhona com a arrogância dos parvos alheios à própria parvoíce, insensível à luta desigual dos mais vulneráveis, à asfixia das classes médias, à angústia dos trabalhadores, ao desinteresse dos investidores pela grande pátria desimportante. Na Itália, alguns entendem, o trauma da população com a classe política foi tal que Silvio Berlusconi se elegeu.

Por aqui, há quem diga que o mesmo clima de desilusão pode ensejar fenômeno parecido. Não sei. Mas nada deve impedir o cumprimento da lei e a justiça não existe para ensinar ninguém a votar ou para elevar o PIB, mas para lavar da paisagem os canalhas que o derrubaram. A Lava Jato eleva as esperanças, nosso produto interno básico para vislumbrar um país limpo dessa súcia, única chance de o outro PIB crescer.

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