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Augusto Nunes

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Valentina de Botas: ‘O mito do estatismo só não foi desmascarado como mico nas ditaduras e no bolivarianismo’

VALENTINA DE BOTAS Estatismo, sensibilíssimo feixe de nervos ricamente vascularizado pela pobreza ideológica da direita e da esquerda brasileiras. Um mito, uma doxa em cujo escurinho se esfregam os radicais anacrônicos dos extremos do arco político de um país de agenda tão atrasada e tão burra que o nacionalismo é um valor que se sobrepõe […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 01h46 - Publicado em 25 mar 2015, 14h28

VALENTINA DE BOTAS

Estatismo, sensibilíssimo feixe de nervos ricamente vascularizado pela pobreza ideológica da direita e da esquerda brasileiras. Um mito, uma doxa em cujo escurinho se esfregam os radicais anacrônicos dos extremos do arco político de um país de agenda tão atrasada e tão burra que o nacionalismo é um valor que se sobrepõe ao prejuízo que traz à nação. Um mico. De Getulio Vargas, por exemplo, aos presidentes militares, a direita sempre foi mais nacionalista e estatizante do que exatamente pró-capitalista, cultivando difusa desconfiança e preconceito contra o capitalista, esse incompreendido tantas vezes espertalhão. Da mesma forma como os defeitos de nossa democracia só se abrandarão com mais democracia, os vícios do capitalismo à brasileira só podem ser tratados com mais capitalismo, sem ter no Estado um sócio imposto ou um benfeitor garantido pela corrupção.

O Estado só precisa regular a coisa e sair de cima, indo cuidar da segurança nacional, da educação e da saúde. Será que é sina? Será que esse estatismo, um mito cruel e micado que custa tanto à nação, foi parido com ela? Muitos estudiosos estabelecem o caráter de uma nação a partir do tipo de parto dela. Então, a colônia nascida porque o Estado português quis, servindo a ele e dele se servindo por práticas corruptas, institucionais e corruptas institucionalizadas, para qualquer empreendimento, selou nosso destino?

Penso que não; as relações entre governo e sociedade se diversificaram e são muito mais complexas e dinâmicas do que supõe nossa vã mitologia ontogênica. Mesmo que o país tenha vindo à luz também pela vontade do Estado na pessoa de D. Pedro I, e depois a República e tal, na escrita troncha em que o Estado antecede a nação na cronologia e no protagonismo, gosto de lembrar Sartre: o que faremos do que fizeram de nós?

Refúgio dos canalhas, o mito do estatismo só não foi desmascarado como mico nas ditaduras e no bolivarianismo contíguo a elas. O eventual orgulho nacionalista (eu me orgulharia de analfabetismo zero) que um cidadão brasileiro teria se uma empresa brasileira como o, sei lá, Boticário abrisse o capital na Bolsa de Nova York seria tão legítimo quanto a Petrobras ter feito o mesmo.

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Se é de nacionalismo que se trata, uma empresa é tão nacional quanto a outra. A eficiência, sob práticas éticas, é que deveria inspirar orgulho e o Boticário é mais eficiente do que a Petrobras. Claro, produzir e comercializar cosméticos é muito mais simples do que lidar com petróleo; só que, se houvesse um Boticariobras com monopólio e tudo, o país teria os piores e mais caros cosméticos do mundo. Como há uma Petrobras, o Brasil tem uma das piores e mais caras gasolinas do mundo.

No país que contempla há 35 anos a mistificação de um jeca; vive há 12 sob um regime de farsantes; há mais de quatro com uma presidente que, sem fôlego para ser um mito, é só uma fraude, a coisa é tão insana que nem sei mais se o que derrubou a Petrobras foi o petrolão ou a denúncia dele. Só sei que nenhum governo afrontará o mito tão cedo e o país, continuando a fazer consigo o que fizeram dele, seguirá pagando o mico.

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