Terceiro turno é coisa para derrotados, não para o candidato vitorioso
Bolsonaro deve orientar-se pelos interesses da nação, não pela gritaria de radicais tão intolerantes e destrambelhados quanto os devotos de Lula
Em 1950, numa conversa ao fim da qual ficou decidida a criação da Última Hora, única publicação a apoiar Getúlio Vargas, o jornalista Samuel Wainer convenceu o presidente eleito de que a imprensa não elege ninguém, mas pode atrapalhar fortemente a vida do governo. Passados quase 70 anos, vai se constatando que a internet pode até decidir uma disputa presidencial, mas o uso equivocado das redes sociais por partidários radicais do candidato vencedor pode ser mais danoso que os ataques do mais feroz partido oposicionista.
Bolsonaristas extremados foram muito úteis durante a campanha, mas não podem determinar os rumos do novo governo. Isso resultaria no afastamento de milhões de brasileiros que votaram no candidato do PSL por preferirem uma dúvida à certeza do desastre representada por Fernando Haddad. A julgar pelos tuítes atribuídos desde o começo de janeiro a Jair Bolsonaro, ele continua mandando recados aos que o apoiam incondicionalmente. O número de seguidores é medido em milhões, mas fica bem menos impressionante quando confrontado com o total de votos obtidos por Bolsonaro.
Terceiro turno é coisa para o PT, não para o presidente que derrotou a seita liderada pelo corrupto engaiolado em Curitiba. O chefe de governo deve orientar-se pelos interesses da nação, não pela gritaria de radicais tão intolerantes e destrambelhados quanto os devotos de Lula.