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Augusto Nunes

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Roberto Pompeu de Toledo: Enormidades

O sucesso de Temer está pendurado em "reformas" para cuja aprovação depende de um Congresso desmoralizado

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h56 - Publicado em 23 abr 2017, 19h11

Publicado na edição impressa de VEJA

A divulgação da “lista do Fachin” escancarou as enormidades que se apossaram do negócio da política no Brasil.

  1. A primeira enormidade é a do Estado ­Odebrecht, a manipular o Estado brasileiro como mãos hábeis manipulam fantoches. São milhões para cá, milhões para lá, a contemplar desde o presidente do PSDB, Aécio Neves (prestações de 1 milhão a 2 milhões de reais na construção de usinas hidrelétricas, segundo um dos inquéritos), até o Vado da Farmácia, ex-prefeito de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco (150 000 reais pela permissão de construção de um complexo hoteleiro; 750 000 por benefício fiscal em outro empreendimento). Variadas eram as ofertas na feira – medidas provisórias figuravam entre as mercadorias mais atraentes – e a Odebrecht era ansiosa compradora, recolhendo na sacola a República Federativa do Brasil.
  2. A segunda enormidade é a que repousa sobre os ombros da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal. Dependendo da atuação de ambos, tudo pode acontecer, ou nada. A lerdeza habitual opera a favor do nada. Vai no mesmo sentido a quantidade de fatos e personagens a investigar, processar e julgar, suas ramificações e imbricações. Faltou método no modo como foram tratadas as autorizações de abertura de inquérito na semana passada. Veio tudo de cambulhada, sem agrupamentos por tipo de crime, por gravidade, por localização, ou por qualquer outro critério. No mensalão, o relator Joaquim Barbosa aplicou uma separação por núcleos – o político, o empresarial, o financeiro. O.k., a Lava Jato tem tamanho e complexidade maiores. Por isso mesmo algum método terá valor ainda maior, para o bom entendimento do público e para o bom andamento dos trabalhos.
  3. A terceira é a tarefa do precário governo Temer, sem a legitimidade das urnas e lotado de corruptos, para levar a bom termo sua gestão. Já estava difícil, para um governo que fixou como meta fiscal -143 bilhões de reais neste ano (sim, a “meta” é um déficit de “só” 143 bilhões) e -139 bilhões em 2018. O sucesso de Temer está pendurado em “reformas” para cuja aprovação depende de um Congresso mais desmoralizado ainda do que antes pelo golpe da semana passada. O ânimo da Câmara dos Deputados pode ser medido pela patética cena ocorrida quando o deputado Miro Teixeira subiu à tribuna e avisou que o site do jornal O Estado de S. Paulo estava publicando a lista dos investigados. O encaminhamento da importante renegociação da dívida dos estados foi deixado de lado enquanto os deputados corriam a seus celulares ou a seu gabinete. Em instantes o plenário se esvaziou e a Câmara mudou do agito dos dias de votação importante para uma casa fa­ntasma.
  4. Outra enormidade será preparar a eleição de 2018. Com que regras será realizada, com que candidatos? Acresce que fixar as regras caberá ao atual desmoralizado Congresso, a menos que o Supremo Tribunal encontre algum modo de tomar a si a tarefa. Como se não houvesse nem déficit fiscal nem Lava Jato, até dias atrás os deputados tramavam criar um fundo de 2,2 bilhões de reais com dinheiro público para financiar as campanhas. Estavam em outro planeta, imaginando continuar o jogo como foi até agora, com dinheiro abundante para gastar com marqueteiros, programas de TV e jatinhos, e de quebra quem sabe até sobrando algum para enfiar no bolso. O choque de realidade da semana passada inviabilizou-lhes o sonho.
  5. A última enormidade é a do grotesco da política brasileira. Não somos mais república de bananas. Chegamos a um nível mais baixo, o de regimes como o de Idi Amin, em Uganda, ou o do imperador Bokassa I, na República Centro-Africana. Não temos um ditador grotesco, mas temos uma grotesca cleptocracia, na qual um secretário da Saúde que posava de campeão do combate à corrupção, e que quase virou ministro da Saúde, acaba apontado como o maestro de um desvio de 300 milhões de reais na compra de próteses ortopédicas. As cifras, como sempre, são de fazer cair o queixo. A figura em questão, um dos membros da grotesca gangue do guardanapo do grotesco ex-governador Sérgio Cabral, é o doutor Sérgio Côrtes, preso na semana passada na operação adequadamente chamada de Fatura Exposta.
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