Robert Capa, o maior repórter fotográfico de guerra de todos os tempos
Em junho de 1944, Robert Capa foi o único participante da invasão da Normandia que pisou numa praia francesa armado apenas de uma máquina fotográfica. Usava o capacete, a farda e as botas de um fuzileiro naval, mas viveu o Dia D como um soldado da informação visual. Com as fotos publicadas na revista americana […]

Em junho de 1944, Robert Capa foi o único participante da invasão da Normandia que pisou numa praia francesa armado apenas de uma máquina fotográfica. Usava o capacete, a farda e as botas de um fuzileiro naval, mas viveu o Dia D como um soldado da informação visual. Com as fotos publicadas na revista americana Life, também foi o único a documentar a batalha histórica. O maior repórter fotográfico de guerra de todos os tempos aprendeu a narrar com imagens o que se passava no front.
Capa era um veterano combatente. Oito anos antes, ele cobrira como fotógrafo a guerra civil na Espanha. E ali eternizou um dos momentos que o transformaram numa lenda da reportagem fotográfica: durante uma batalha perto da cidade de Córdoba, registrou o instante em que uma bala atingiu a cabeça do soldado republicano Federico Borrell Garcia. “Se uma foto não ficou boa o suficiente, é porque o fotógrafo não estava perto o suficiente do acontecimento”, ensinou Capa.
Em 1947, o escritor John Steinbeck, prêmio Nobel de literatura em 1962, passou um mês ao lado de Capa na União Soviética para produzir o livro Um diário russo, ilustrado com fotos do amigo. Em Ligeiramente fora de foco, autobiografia escrita em 1947 e lançada no Brasil em novembro passado, Capa incluiu um depoimento de Steinbeck:
Capa sabia o que procurar e o que fazer quando o encontrava. Sabia, por exemplo, que não é possível fotografar a guerra, porque ela é em grande medida uma emoção. Mas ele fotografou essa emoção, ao registrar o seu entorno. Era capaz de mostrar o horror de todo um povo no rosto de uma criança. Sua câmera captava e fazia perdurar a emoção. A obra de capa é ela própria o retrato de um grande coração e de uma arrebatadora compaixão. Ninguém tomará o seu lugar. Ninguém toma o lugar de qualquer grande artista, mas temos a sorte de ter em suas fotografias a qualidade do homem. Trabalhei e viajei muito com Capa. Ele podia ter amigos mais próximos, mas nenhum que o amasse mais do que eu. Ele tinha prazer em parecer displicente, descuidado com seu trabalho. Ele não era. Suas fotografias não são acidentais. A emoção que existe nelas não vinha do acaso. Ele podia fotografar movimento, alegria, desilusão. Podia fotografar pensamento. Ele captava um mundo, e era o mundo de Capa.
Quase vinte anos depois, em 1954, já famoso, Capa aceitou o convite da Life para fazer a cobertura da Guerra da Indochina. Numa estrada, distanciou-se dos tanques tripulados por soldados franceses e atravessou um campo em busca do melhor ângulo. Morreu ao pisar numa mina.
Seu corpo foi encontrado sem as duas pernas. A máquina fotográfica continuava pendurada no pescoço.
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