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Privatizado pelos mensaleiros, o Ministério da Justiça acabou transformado numa filial da grande fábrica de dossiês cafajestes

O Ministério da Justiça foi privatizado em junho de 2005, quando o escândalo do mensalão obrigou o criminalista Márcio Thomaz Bastos a licenciar-se oficiosamente do cargo para concentrar-se na defesa do chefe Lula e seus 40. Depois de transformar o gabinete em sede do departamento jurídico da seita companheira, o doutor justificou a fama de […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 13h50 - Publicado em 24 out 2010, 22h28

O Ministério da Justiça foi privatizado em junho de 2005, quando o escândalo do mensalão obrigou o criminalista Márcio Thomaz Bastos a licenciar-se oficiosamente do cargo para concentrar-se na defesa do chefe Lula e seus 40. Depois de transformar o gabinete em sede do departamento jurídico da seita companheira, o doutor justificou a fama de especialista em livrar da cadeia delinquentes com tanta culpa no cartório que o mais humilde guarda da esquina não hesitaria em dar-lhes voz de prisão. Foi ele quem descobriu que, vista de perto, a quadrilha dos mensaleiros era apenas um ajuntamento de pequenos contraventores. O mensalão nunca existiu, ensinou Márcio à clientela. Só dinheiro de caixa 2. Só recursos não contabilizados.

Herdeiro do escritório, Tarso Genro resolveu matar a saudade da Guerra Fria com trapalhadas internacionais. Em 2007, durante os Jogos Panamericanos do Rio, venceu a prova de subserviência ao afagar a ditadura cubana com a deportação dos pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux. No ano seguinte, ganhou a medalha de ouro em cinismo ao desafiar a democracia italiana com a ideia de recusar o pedido de extradição de Cesare Battisti e promover o terrorista de estimação em refugiado político. No começo deste ano, quando o bacharel gaúcho deixou o emprego para candidatar-se a governador, faltava pouco para a completa degradação do mais antigo dos ministérios.

Não falta mais nada, comprovou neste fim de semana a edição de VEJA. Chefiado pelo interino vocacional Luiz Paulo Barreto, a instituição acabou reduzida a filial da grande fábrica de dossiês cafajestes, acionada regularmente por Altos Companheiros. Num dos momentos mais perturbadores da reportagem de capa, o secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, faz uma queixa espantosa a seu antecessor Romeu Tuma Júnior: “Não aguento mais receber pedidos da Dilma e do Gilberto Carvalho para fazer dossiês”. Os apreciadores de serviços sujos já dispensam intermediários. As obscenidades são encomendadas pessoalmente pela candidata à Presidência e pelo secretário de Lula.

Está perto de consumar-se a amputação de um dos braços inseparáveis do Estado Democrático de Direito. Rebaixado a pouco mais que nada, o Ministério da Justiça já não controla sequer a Polícia Federal. Submetida a ordens que emanam diretamente do gabinete presidencial, a PF vem sendo amestrada para limitar-se a incriminar adversários inocentes e poupar os meliantes aliados. Neste domingo, em vez de confirmar a existência do monstro em gestação no Palácio do Planalto, Abromovay sucumbiu à tentação de desmentir o que está gravado. Forçado a escolher entre o emprego e a dignidade, preferiu avançar na contramão do jornalista Paulo Beringhs e optou pelo salário.

Num dos trechos da reportagem, o secretário nacional de Justiça desconfia de que perdeu o controle da situação. Depois de ouvir a gravação da conversa com Tuma Junior, terá de convencer o país de que disse ter acontecido o que não aconteceu porque deixou de controlar  até a própria voz.

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