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Augusto Nunes

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Porque o samba nasceu lá na Bahia

Felipe Moraes O sol bate forte no sertão baiano, quando um mulato de longos cabelos rastafari atravessa a ponte improvisada com um tronco de árvore que dá acesso ao terreno onde fica a casa de Paião Grande, ou Paião do Cavaquinho, como é mais conhecido. Pego de surpresa saindo para comprar na cidade seu “quase […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 5 jun 2024, 17h08 - Publicado em 8 mar 2011, 13h50

cantador de chula

Felipe Moraes

O sol bate forte no sertão baiano, quando um mulato de longos cabelos rastafari atravessa a ponte improvisada com um tronco de árvore que dá acesso ao terreno onde fica a casa de Paião Grande, ou Paião do Cavaquinho, como é mais conhecido. Pego de surpresa saindo para comprar na cidade seu “quase nada”, ele altera o roteiro para atender ao pedido do interlocutor: um samba de chula. “Cantaremos agora, agora”, responde Paião, com sua fala peculiar.

Transmitido via oral de geração para geração de sambadeiros, o samba chula é uma variação do samba de roda no qual uma dupla de cantadores declama um verso – chamado chula – e outra dupla, reforçada por um coro de mulheres, responde com o relativo – um verso menor que “arremata” o primeiro. Os participantes não sambam enquanto houver canto e só entram na roda quando começa a parte instrumental, com solos de viola, percussão e palmas.

Tradicional do Recôncavo Baiano, o samba de chula foi eternizado no projeto Cantador de Chula, fruto da dedicação de um grupo de pesquisadores envolvidos com o inventário do samba de roda no Recôncavo Baiano – base do dossiê encaminhado à UNESCO para a declaração do gênero como Patrimônio Imaterial da Humanidade. “Não adianta, porém, o reconhecimento mundial do gênero se efetivamente muito pouco se tem feito para sua preservação, perpetuada apenas pela memória de seus guardiões”, observa a etnomusicóloga Katharina Doring, coordenadora do projeto, enfatizando que essa é uma tradição restrita à oralidade.

Em parceria com a Associação dos Sambadores e Sambadoras do Estado da Bahia, o projeto percorreu 16 povoados e colheu relatos e imagens de figuras como Dona Aurinda, Mestre Ananias, Domingos Preto e Manoel do Véio. Composto por dois CDs e um documentário de 95 minutos, do cineasta Marcelo Rabelo, o Cantador de Chula busca traçar um panorama da diversidade sonora das chulas das várias regiões do agreste e do Recôncavo Baiano e oferecer um recorte da vida dos 16 mestres de chula resgatados pelo trabalho.

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“Acreditamos que, por meio desse recorte, conseguiríamos transmitir de que maneira o modelo de relações sociais estabelecido em um passado nem tão distante, com seus valores morais e concepção de mundo, determinou em boa medida o formato assumido pelo samba chula”, explica Marcelo Rabelo. Já os dois CDs apresentam um repertório de 25 músicas selecionadas por Katharina, abrangente, diversificado e diretamente relacionado ao ofício do “fazer”, seguindo a mesma linha e orientação do documentário.

Com uma tiragem inicial de 3.000 exemplares, o projeto foi distribuído para Ongs, escolas, faculdades, institutos e comunidades da região do Recôncavo Baiano. Valendo-se de antigos cantadores e sambadores, Cantadores de Chula faz o possível para resgatar esse pedaço desconhecido da cultura do país.

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