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Augusto Nunes

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Oliver: O talude da vergonha

VLADY OLIVER Preparando-me para comemorar infortunadamente a centésima interrupção de energia só este ano, tive que jogar fora um texto inteiro preparado para a ocasião. Sabem como é; texto é que nem sushi; horas depois do preparo já pode se considerar adubo. Nele eu pedia desculpas ao meu irmão de pais e mães diferentes por […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 00h06 - Publicado em 16 nov 2015, 18h19

VLADY OLIVER

Preparando-me para comemorar infortunadamente a centésima interrupção de energia só este ano, tive que jogar fora um texto inteiro preparado para a ocasião. Sabem como é; texto é que nem sushi; horas depois do preparo já pode se considerar adubo. Nele eu pedia desculpas ao meu irmão de pais e mães diferentes por não ver ─ graças a um lado engenheiro que jamais abandonei na vida ─ tanta poesia e saudosismo maroto na morte de um rio inteiro.

O assassinato foi perpetrado pela burrice crônica, pela inépcia administrativa, pela ignorância rampeira e pela absoluta desconsideração do governo com o povo brasileiro e do povo brasileiro consigo mesmo, incapaz de ver com todas as nuances e cores sórdidas o que aconteceu no leito do Rio Doce. O descaso com a vida, com o meio ambiente, com o seres humanos ainda humanos e a ambição desmesurada e burra dessa gente é o caldo certo para as desgraças que vão desfilando ante nossos olhos distraídos.

Quem ainda vê diferenças entre o Brasil e uma Venezuela, por exemplo, só pode andar com uma mordaça no cérebro. Recebo semanalmente de amigos que ainda cultuo na profissão bissexta dezenas de vídeos, relatos e denúncias de obras condenadas pelo país todo. Obras que precisariam muito mais que saliva, fiscalização forrada de “dinheiro na teta”, como me confidenciou há pouco tempo um empresário achacado por este governo, e uma ideologia tacanha, que só enxerga os “trusts capitalistas” como os verdadeiros culpados pelos crimes hediondos que se proliferam com a coisa pública por aqui.

O que houve no Rio Doce não é um crime comum. É um hediondo atentado contra a decência, perpetrado por um conluio calhorda entre o poder público e empresas que pagam propinas para operar neste país de quadrilhas. O resultado é o abandono da manutenção dessas obras e a divisão da grana economizada entre os apaniguados de turno. Não pensem vocês que o rompimento das barragens que não suportaram o mar de lama foi um episódio isolado de desprezo pela vida, de desvio de verbas, de descaso com padrões mínimos de segurança exigidos por uma obra de grande porte.

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E não pensem também que o resultado dessa equação marreta pertence a Deus e seus desígnios. Isso é burrice humana mesmo. Má fé. É o produto do roubo. É o desvio. É o peso do Estado e sua derrama calhorda, obrigando a qualidade de tudo o que é feito por aqui embutir em seu preço o custo da ladroagem latente.

Muitos aqui ficarão felizes em enquadrar a gigante Vale no arsenal de empresas quebradas pela sordidez de um governo de ladrões de todos os matizes. Muitos aqui acharão bonito que empresas como a Pétubrais estejam enfiadas até o talo na lama grossa em que nos meteram petralhas e outros integrantes das camorras de esquerda, sempre atrás de um sobrepreço. Muitos aqui não entendem que, ao justiçar o capitalismo com esse esquadro rampeiro, vão terminando lentamente com os quadros funcionais de um país inteiro, até que não sobre um pobre diabo para pagar impostos e manter essas bolsas misérias indefinidamente nas costas de todo cidadão de bem.

Quem precisa ser interditado urgentemente é esse governo. A lama que precisa ser estancada por aqui atende pelo nome de “socialismo”, mas comunismo travestido e envergonhado também serve. Ainda ecoa em minha memória o senador fita-crepe afirmando em entrevista, com toda a pompa e circunstância, que o “asfalto regurgitado” era a solução barata, prática e rápida para a malha viária paulista. De lá para cá, quantos Controlares, tabuletas, extintores, sacolinhas plásticas e capacetes de moto enfiaram em nossos lombos?

Este são os que pleiteiam o espólio da petralharia, meus caros. Os “mais esquerdas que o PT”. Uma pá de lodo a mais na encosta deste nosso talude, pronto para explodir. Vai indo, Brasil. Não me espera não.

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