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O partido a que Lula pertencia agora é um partido que pertence a Lula

O casamento de conveniência entre os maiores partidos governistas, concebido e consumado por Lula para eleger a sucessora que inventou, foi um bom negócio para Dilma Rousseff, um negócio da China para o PMDB e um péssimo negócio para o PT. A candidata ganhou um viveiro de palanques estaduais e mais quatro minutos no horário […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h55 - Publicado em 2 jul 2010, 02h14

O casamento de conveniência entre os maiores partidos governistas, concebido e consumado por Lula para eleger a sucessora que inventou, foi um bom negócio para Dilma Rousseff, um negócio da China para o PMDB e um péssimo negócio para o PT. A candidata ganhou um viveiro de palanques estaduais e mais quatro minutos no horário eleitoral gratuito. O PMDB ganhou o direito de indicar o candidato a vice-presidente, mais fatias do possível bolo ministerial e o status de parceiro preferencial ─ privilégio que lhe garantiu o apoio de Lula em todas as pendências envolvendo o parceiro. O PT não ganhou nada. Só perdeu.

Oito anos depois de ter chegado ao coração do poder com Lula, o partido ficou bem menor que o candidato vitorioso. Em 2002, para levar seu fundador à Presidência da República, o PT lançou 24 candidatos a governador. Desta vez, para instalar no Planalto uma candidata nascida e criada no PDT brizolista, teve de conformar-se com apenas 10 candidaturas próprias. Porque Lula assim resolveu, perdeu peso para que o parceiro engordasse.

O arrendamento do PT maranhense à família Sarney, que estendeu à sigla companheira o domínio exercido pelos donatários da capitania sobre o PMDB, foi tão repulsivo quanto previsível: só poderia dar nisso a sequência de capitulações desonrosas impostas pelo chefe supremo. Lula vem mostrando quem manda desde que o ex-ministro Tarso Genro ignorou a ordem presidencial para entender-se com o PMDB gaúcho e colocar-se à disposição de José Fogaça, candidato do PMDB ao governo estadual, que retribuiria a gentileza oferecendo a Dilma Rousseff um bom palanque.

Em vez disso, Tarso lançou a própria candidatura ─ sem a indispensável autorização prévia do chefe supremo. Enquadrado no crime de desobediência, acabou condenado a quatro meses de abandono: o  palanque do PT não será iluminado por aparições de Lula (que está pronto para atender a todos os convites que Fogaça fizer). Tarso refugiou-se no silêncio dos resignados. Depois de mostrar que o partido tem chefe, Lula tratou de mostrar o que faz um chefe sem freios nem controles.

Em São Paulo, o PT só foi poupado de engolir a candidatura de Ciro Gomes porque o deputado do PSB cearense não se interessou pela prenda. No Rio, em troca da submissão ao governador Sérgio Cabral, Lindberg Farias ganhou um salvo-conduto para perder sem constrangimentos a eleição para o Senado. Em Minas, a rendição sem luta foi sublinhada por humilhações adicionais.

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Incluído em todas as listas de prováveis sucessores de Lula até 2007, quando todos os pretendentes petistas foram preteridos pela neocompanheira Dilma Rousseff, o ex-ministro Patrus Ananias soube  em abril que também estava proibido de sonhar com o governo mineiro. Em seguida, soube que deveria fazer companhia a Hélio Costa como candidato a vice. Soube, enfim, que deveria receber com muito orgulho a notícia do rebaixamento.

O PMDB dispensou-se de concessões ao PT para lançar 13 candidaturas próprias. Para chegar a 10, o PT curvou-se a todas as exigências do parceiro e não teve uma única reivindicação atendida. O baiano Jacques Wagner e a paraense Ana Júlia Carepa imaginaram que um governador no primeiro mandato teria a candidatura à reeleição prontamente chancelada pela aliança. Erraram. Wagner vai dividir o apoio de Lula e Dilma com Geddel Vieira Lima. Ana Júlia terá de sobreviver por conta própria ao confronto com a tropa de choque de Jader Barbalho.

Concluída a montagem dos palanques estaduais, a contemplação do horizonte eleitoral escancara a verdade que os companheiros fingem não enxergar. O sócio majoritário é o PMDB. O partido a que Lula pertencia agora é um partido que pertence a Lula.

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