Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O duelo entre o colunista e meio presidente (em dois capítulos)

Publicado em 14 de junho CAPÍTULO 1 Sou o único jornalista contemplado com mensagens malcriadas por um presidente e meio. O presidente é Itamar Augusto Cautiero Franco, vice promovido a titular pelo despejo de Fernando Collor. A metade que fecha a conta é Antônio Paes de Andrade, que acumulou a presidência da Câmara e a […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 5 jun 2024, 19h43 - Publicado em 9 jan 2011, 20h00

momentos-_de_201031Publicado em 14 de junho

paes-de-andrade-22-410×4391

CAPÍTULO 1

Sou o único jornalista contemplado com mensagens malcriadas por um presidente e meio. O presidente é Itamar Augusto Cautiero Franco, vice promovido a titular pelo despejo de Fernando Collor. A metade que fecha a conta é Antônio Paes de Andrade, que acumulou a presidência da Câmara e a chefia do Executivo durante as viagens internacionais de José Sarney, vice promovido a titular pelos micróbios do Hospital de Base de Brasília. Numa delas, o cacique do PMDB do Ceará fundou na cidade natal a República de Mombaça. A soma disso tudo vale meio presidente. No mínimo.

Não foi difícil despertar a cólera de Itamar Franco: dois ou três artigos bastaram para que o mineiro briguento revidasse com um manuscrito desaforado. Essa história fica para depois. Hoje sai do baú o relato, dividido em duas partes, do entrevero que me rendeu um texto enviado por fax em 5 de janeiro de 2005.  Subscrito pelo então embaixador do Brasil em Portugal, o documento histórico começou a nascer em 1985, quando garanti a Paes de Andrade um mandato imaginário de 15 dias.

Continua após a publicidade

Já contei esse caso mais detalhadamente num post. Duas semanas antes da eleição municipal, numa reportagem publicada na VEJA, incluí o candidato a prefeito de Fortaleza pelo PMDB  entre os cinco ou seis que já podiam preparar a festa da posse. Baseada nas pesquisas do Instituto Gallup, a informação foi espetacularmente desmentida pelo triunfo de Maria Luiza Fontenelle, do PT. E então o dono do Gallup explicou o naufrágio: Paes de Andrade parecia tão favorito que as pesquisas foram suspensas em 1° de novembro. Os ventos mudaram, as urnas desmentiram a pesquisa e o derrotado só foi prefeito na revista.

Em vez de ficar agradecido pelo mandato imaginário, Paes de Andrade resolveu dividir com a reportagem a culpa pelo fiasco. Os cabos eleitorais ficaram tão certos da vitória, alegou, que relaxaram na reta final. A hora do troco chegou em fevereiro de 1989, quando José Sarney foi passear no Japão por uma semana e o presidente da Câmara decidiu fazer bonito no Planalto.

Sarney acabara de decolar quanto Paes de Andrade entrou em ação. Requisitou um Boeing 707 da presidência e voou para Fortaleza com os 66 integrantes da comitiva. Da capital cearense, a multidão deslocou-se para Mombaça ─ a 300 quilômetros de distância ─ em dois Buffalo da FAB, que pousaram no aeroporto ampliado em tempo recorde especialmente para receber o filho mais ilustre da cidade.

Continua após a publicidade

Acomodados em 25 carros oficiais, os viajantes seguiram para a festa de inauguração da agência do Banco do Nordeste, em funcionamento desde o ano anterior.  Era o pretexto para a cerimônia de fundação da República de Mombaça. A população inteira compareceu ao comício estrelado pelo presidente conterrâneo. Voz embargada, chorando em alguns momentos, Paes de Andrade fez um discurso de quatro horas. Recordou a história da cidade natal, celebrou a bravura do sertanejo e citou, entre outros, Jesus Cristo, Getúlio Vargas, Napoleão Bonaparte, Padre Cícero, Lampião, José Sarney, Pelé, Frei Damião, Tiradentes, Buda e Nelson Ned.

Traduzi meu espanto em alguns artigos no Estadão. Paes de Andrade ficou irritado, mas engoliu em seco. O que achou insuportável foi o texto que publiquei no Jornal do Brasil 15 anos mais tarde. Mas isso fica para quinta-feira, quando aqui se lerá a segunda e última parte do duelo entre o colunista e meio presidente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.