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Augusto Nunes

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O coro que cantava como Duda Mendonça queria tem medo do antigo regente

PUBLICADO EM 17 DE JANEIRO DE 2006 NO JORNAL DO BRASIL O documentário Entreatos, de João Moreira Salles, é um esplêndido resumo da campanha de Lula na temporada eleitoral de 2002. É também uma síntese perfeita do estilo do marqueteiro baiano Duda Mendonça. As poucas cenas em que aparece são suficientes para escancarar o jeitão do […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 09h44 - Publicado em 17 jan 2012, 17h25

PUBLICADO EM 17 DE JANEIRO DE 2006 NO JORNAL DO BRASIL

O documentário Entreatos, de João Moreira Salles, é um esplêndido resumo da campanha de Lula na temporada eleitoral de 2002. É também uma síntese perfeita do estilo do marqueteiro baiano Duda Mendonça. As poucas cenas em que aparece são suficientes para escancarar o jeitão do artista. Todas são exemplarmente reveladoras, mas nenhuma é tão impressionante quanto a que mostra Duda como regente do coro formado por Altos Companheiros.

Aglomerado na platéia, o grupo escalado para cantar ”Lula-lá” inclui governadores, senadores, deputados, chefões do partido, atores, cantores e os chamados intelectuais. Todos sorriem o sorriso dos vencedores. Sozinho no palco, Duda comanda o espetáculo. Ora emite ordens em tom enérgico, ora afaga o distinto público com palavras de estímulo. Parece o melhor aluno de Silvio Santos. A turma faz tudo o que o mestre manda com a disciplina das ”colegas de trabalho” do dono do SBT.

Começa a cantoria, logo interrompida por Duda. ”O que é isso, gente?”, repreende. ”Vamos soltar a voz”. Cobra mais entusiasmo, muita alegria, decibéis no limite do berro. O coro atende. O regente aprova. Em seguida, ensina o que o auditório deve fazer quando entrarem no palco dois astros convidados. O braço direito precisa erguer-se, na diagonal da cabeça, e mover-se de trás para a frente no convite gestual: vem com a gente.

A coreografia fora concebida para sublinhar a gloriosa introdução na ribalta de Ciro Gomes e Anthony Garotinho. Derrotados no primeiro turno, viraram lulistas desde criancinha. Merecem tratamento vip. A platéia faz bonito já na primeira encenação, Duda avisa que nem precisa ser repetida. Todos aplaudem, felizes como colegiais na Disneyworld. ”Esse cara é um gênio”, dizem integrantes do coro. Alguns chamam Duda de ”companheiro”.

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Menos de dez anos depois daquele outubro, os disciplinados cantores fingem conhecer o regente só de nome. Entre os amnésicos figuram até mesmo os que desfrutaram dos confortos da capitania litorânea de Duda na Bahia. Mesmo velhos comparsas negam qualquer intimidade com o antigo parceiro. No PT, a ordem é fazer de conta que o publicitário continua encarregado das campanhas de Paulo Maluf.

Faz sentido, esclareceu a reportagem publicada por VEJA em janeiro de 2006. A fortuna declarada do ex-amigo do rei somava R$ 13 milhões. Descobertas recentes sugeriam que a quantia real é extraordinariamente maior.

Para juntar tamanha bolada, Duda se valeu de um vasto repertório de truques e ilegalidades: movimentações suspeitíssimas em contas no exterior, lavagem de dinheiro, caixa dois, propinas, tráfico de influência e outras malandragens. A enxurrada de maracutaias é suficiente para inquietar tarimbados criminosos. Duda exibe a tranqüilidade de quem será aplaudido por todos os santos no dia do Juízo Final. Decerto guarda seus trunfos.

Os alegres cantores de 2002 temem que o regente acabe abrindo o bico.

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