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Augusto Nunes

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O caso do companheiro cearense que teve a ideia de transformar uma cueca em esconderijo de dólares

Não falta mais nada, imaginava na manhã de 8 de julho de 2005 o país atônito com o desfile das bandidagens da quadrilha do mensalão. Faltava o caso do dólar na cueca, descobriu-se no fim da tarde. Criminalista de larga milhagem, transformado pela crise em advogado de defesa do governo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 17h22 - Publicado em 26 jun 2009, 02h47
Adalberto Vieira na Polícia Federal em São Paulo

Adalberto Vieira na Polícia Federal em São Paulo

Não falta mais nada, imaginava na manhã de 8 de julho de 2005 o país atônito com o desfile das bandidagens da quadrilha do mensalão. Faltava o caso do dólar na cueca, descobriu-se no fim da tarde. Criminalista de larga milhagem, transformado pela crise em advogado de defesa do governo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, acreditava que não se surpreenderia com mais nada. “Também fiquei surpreso”, reconhece ao recordar aquele dia inverossímil. “Eu estava no meio do uma solenidade no Palácio do Planalto quando o diretor-geral da Polícia Federal me telefonou para contar o que tinha acabado de ocorrer no aeroporto de Congonhas”, lembra.

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“O barulho era grande, demorei a entender o que ele dizia”, conta Márcio. Quando entendeu, demorou a acreditar no que ouvira: “Prendemos em São Paulo um sujeito com bastante dólar na cueca, mais um pouco numa pasta e uma agenda, e pelo jeito ele é muito ligado ao PT”, resumiu a voz do outro lado da linha. O ministro esperou que a cerimônia terminasse e subiu um andar para transmitir ao presidente a notícia espantosa. “Não pode ser’, duvidou Lula. Era aquilo mesmo, confirmou Márcio.

O cearense Adalberto Vieira fora capturado quando tentava embarcar para Fortaleza com R$ 209 mil numa bolsa de mão e mais US$ 100 mil escondidos na cueca. “Quando disse isso, alguém lembrou que havia no palácio um homem do Ceará”, conta Márcio. “O sujeito estava indo embora. Mandamos chamar e o presidente perguntou: ‘Fulano de tal é do PT? Não é do PT, né?’ E o sujeito respondeu: ‘É, presidente’”. Havia mais: o companheiro era assessor parlamentar do deputado estadual José Nobre Guimarães, que era irmão do deputado José Genoíno, que era o presidente nacional do partido e, pelo que já fora apurado, parceiro de Delúbio Soares ê Marcos Valério na gerência do esquema do mensalão.

No interrogatório, o passageiro trapalhão alegou que conseguira o dinheiro com a venda de alimentos. A maluquice foi demolida em poucos minutos. Então disse que fizera negócio com um empresário conterrâneo cujo nome ignorava. A fantasia durou poucas horas. Pouco menos que a permanência de Vieira na cadeia. Libertado, entrou na mira da Justiça. Movida pelo procurador da República Márcio Torres, a ação por improbidade administrativa associou o dinheiro na cueca ao pagamento de propinas “por facilitação de um empréstimo concedido pelo Banco do Nordeste (BNB) ao Consórcio Sistema de Transmissão do Nordeste (STN), responsável pela construção de um “linhão” de energia entre as cidades de Teresina, Sobral e Fortaleza”.

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Além de Vieira, viraram alvos também o deputado irmão de Genoíno, o presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, quatro diretores e as empresas envolvidas na transação. Em 2007, graças a liminares concedidas pelo desembargador federal Napoleão Nunes Maia, todos foram excluídos do processo, à exceção de Vieira. Inocentado pela CPI instaurada pela Assembléia Legislativa, Nobre Guimarães mudou de emprego: deputado federal, divide o tempo entre Fortaleza e Brasília. No Congresso, convive com o irmão. Genoíno, afastado da presidência do PT horas depois do escândalo, também conseguiu uma vaga na Câmara.

Adalberto Vieira aguarda o julgamento em liberdade. Demitido do emprego, mora em Aracati, no litoral cearense. Nunca esclareceu a origem do dinheiro, que continua em poder da Polícia Federal. Nem revelou se foi da própria cabeça ou de outra que saiu a ideia de transformar cueca em cofre de dólares.

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