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O Brasil não pode perder a segunda chance de punir um reincidente irrecuperável

Cumpriu-se o rito inaugurado por José Dirceu e reprisado por Erenice Guerra: em menos de seis anos, Antonio Palocci tornou-se o  terceiro chefe da Casa Civil que, protagonista de um caso de polícia, não foi demitido: pediu para sair, como se pudesse ficar. Assim tem sido desde o começo da Era Lula, quando deixou de […]

Por Augusto Nunes
Atualizado em 31 jul 2020, 11h43 - Publicado em 7 jun 2011, 21h47

Cumpriu-se o rito inaugurado por José Dirceu e reprisado por Erenice Guerra: em menos de seis anos, Antonio Palocci tornou-se o  terceiro chefe da Casa Civil que, protagonista de um caso de polícia, não foi demitido: pediu para sair, como se pudesse ficar. Assim tem sido desde o começo da Era Lula, quando deixou de existir pecado do lado de baixo do equador. Oficialmente, todos se vão do Planalto porque querem. Na cerimônia do adeus, os culpados se declaram vítimas de tramas políticas forjadas pela oposição e, enquanto espreitam a próxima oportunidade de desfrutar do poder, seguem jurando que são inocentes.

Despejado do Planalto em 2006 por ter estuprado o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, Palocci voltou há cinco meses sobraçando a sentença do Supremo Tribunal Federal que o absolveu, em agosto de 2009, “por falta de provas”. Neste 7 de junho de 2011, na carta em que solicitou seu afastamento do governo, lembrou que a sentença absolutória já foi expedida na véspera da queda por Roberto Gurgel. Segundo a nota divulgada pela Casa Civil, “o ministro considera que a robusta manifestação do Procurador Geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta”.

Se é assim, saiu por quê? Porque “considera, entretanto, que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento”. É muito cinismo. É coisa de quem espera por outro convite para prestar serviços à pátria. Enquanto espera, presta serviços aos clientes que ainda protege com a invocação da “cláusula de confidencialidade”. O traficante de influência sabe que, no paraíso dos criminosos impunes, a morte política só ocorre com a morte física.

Palocci foi uma escolha de Lula e Dilma. Ambos conheciam o prontuário do companheiro. Sabiam que o novo chefe da Casa Civil mentiu ao garantir que nunca frequentou o escritório-bordel em Brasília e mentiu ao jurar que não estuprou a conta bancária do caseiro. Desde a descoberta do milagre da multiplicação do patrimônio, o padrinho e a afilhada sabem que Palocci mente. Quem endossa mentiras é mentiroso também. E age como comparsa quem avaliza por 20 dias a farsa que paralisou um governo que claudica desde o dia da posse.

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É preciso impedir que a dupla se atreva, assim que a poeira baixar, a lamentar a perda do Pelé da Economia. Lula e Dilma precisam aprender que Palocci perdeu o emprego de novo porque milhões de brasileiros que pensam não engolem bandalheiras escancaradas. É hora de ensinar-lhes que, se a crise provocada pelo delinquente de estimação será abrandada pela remoção do tumor instalado no coração do poder, o caso Palocci ainda está em seu começo. O país merece saber a verdade. O consultor de araque tem de identificar os clientes aos quais serviu, revelar as tarefas que executou e confessar quanto embolsou.

Pouco importa o parecer esperto do procurador-geral. A oposição deve insistir na convocação do agora ex-ministro. A polícia e a Justiça devem cumprir seu dever. Em 2009, graças ao STF, o estuprador de sigilo que já enriquecia traficando influência livrou-se do castigo. O Brasil não pode perder a segunda chance de punir um reincidente irrecuperável.

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