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Médico de Porto Alegre se apoia no tratamento dos sobreviventes de Santa Maria para denunciar as mentiras oficiais sobre o atendimento em UTI

Desde domingo, em comentários remetidos de Porto Alegre e publicados nesta coluna, o médico intensivista Milton Simon Pires se apoia no tratamento dos sobreviventes da tragédia de Santa Maria para impedir que mentiras oficiais deformem a verdade sobre o atendimento a casos que exigem internação em alguma UTI. Neste artigo publicado no blog do jornalista […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 06h56 - Publicado em 1 fev 2013, 16h54

Fachada da boate Kiss, destruída, após incêndio

Desde domingo, em comentários remetidos de Porto Alegre e publicados nesta coluna, o médico intensivista Milton Simon Pires se apoia no tratamento dos sobreviventes da tragédia de Santa Maria para impedir que mentiras oficiais deformem a verdade sobre o atendimento a casos que exigem internação em alguma UTI. Neste artigo publicado no blog do jornalista gaúcho Políbio Braga, Milton Pires fez um perturbador resumo da ópera. Confira. (AN)

Em 1967 a Guerra do Vietnã envolvia um contingente cada vez maior de soldados americanos. A necessidade de atendimento aos feridos graves, entre eles as vítimas de queimadura e intoxicação, demandava recursos materiais e humanos cada vez mais complexos.

Os Estados Unidos construíram, na cidade litorânea de Da Nang, um hospital militar com o objetivo de atender suas tropas. Nesta época não existia propriamente a especialidade hoje conhecida como Terapia Intensiva. Foi com espanto que os médicos militares começaram a atender um número cada vez maior de pacientes vítimas de intoxicação em função do chamado “agente laranja” e outras substâncias químicas utilizadas para desfolhamento de florestas e localização dos esconderijos inimigos.

As pessoas apresentavam como quadro clínico uma síndrome que envolvia, entre outros sinais e sintomas, acúmulo de líquidos nos pulmões e diminuição da capacidade de oxigenação do sangue. Essa nova doença ficou conhecida como “Pulmão de Da Nang” e hoje, nós intensivistas, a chamamos de SARA – Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto.

Fiz esta breve introdução para dizer que é isto que pode acontecer com os sobreviventes do incêndio de Santa Maria. Mais: gostaria que ficasse muito claro a todos que este tipo de “coisa” não pode ser atendido (numa situação que envolve um número de pacientes tão grandes) com segurança em nenhuma capital brasileira.

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Isto ocorre porque simplesmente não há unidades de terapia intensiva (UTIs) em número suficiente nem respiradores artificiais para atender tanta gente.

Em meio a tanto desespero não há um só político ou autoridade da saúde com honestidade suficiente para dizer aquilo que escrevi acima.

Há pelo menos quatro décadas assistimos gerações e mais gerações de secretários e ministros da Saúde insistindo na ideia de medicina comunitária e prevenção.

Pois bem, pergunto agora: o que nós, médicos intensivistas, devemos fazer com as pessoas que sobreviveram ao incêndio de Santa Maria? Encaminhá-las para postos de saúde?

Não se constrói um hospital público em Porto Alegre desde 1970!

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Pelo contrário; vários foram à falência e fecharam! Que o Brasil inteiro saiba que é MENTIRA a afirmação das autoridades de que Porto Alegre tem leitos de UTI suficientes para atender toda essa gente!

A Secretaria estadual da Saúde pode, se necessário, comprar leitos na rede privada mas mesmo assim é muita sorte haver algum disponível.

Com relação aos responsáveis por esta tragédia, deixo aqui a minha opinião – foi o poder público corrupto, negligente e incompetente, quem MATOU todos estes jovens!

É esse tipo de gente que quer entupir o Brasil com médicos de Cuba e do Paraguai, que manda médicos para o Haiti e que insiste em saúde “comunitária”, que agora aparece na televisão chorando e abraçando os pais das pessoas que morreram.

Termino aqui; como em toda situação de guerra, a primeira vítima de Santa Maria, assim como em Da Nang, foi a verdade – jamais esqueçam isto !

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