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Augusto Nunes

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Itamar inventou na Sapucaí a primeira-dama por uma noite

Pena que tenha durado só uma madrugada. Pena que nem tenha chegado às vias de fato. Mas foi infinito enquanto durou, como recomenda Vinicius de Moraes, o caso amoroso que juntou  na Sapucaí, em 1994, o mineiro Itamar Augusto Cautiero Franco e a cearense Lilian de Moura Ramos. Teria sido mais um romance de Carnaval entre um sessentão divorciado (e muito galanteador) e uma […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 5 jun 2024, 21h33 - Publicado em 9 jul 2009, 01h55

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Pena que tenha durado só uma madrugada. Pena que nem tenha chegado às vias de fato. Mas foi infinito enquanto durou, como recomenda Vinicius de Moraes, o caso amoroso que juntou  na Sapucaí, em 1994, o mineiro Itamar Augusto Cautiero Franco e a cearense Lilian de Moura Ramos. Teria sido mais um romance de Carnaval entre um sessentão divorciado (e muito galanteador) e uma jovem solteira (e bastante fogosa) se ele não fosse o presidente da República e ela não estivesse sem calcinha.

Tudo começou quando o carro alegórico da Viradouro em que rebolava a modelo a caminho dos 30 estacionou diante do camarote de um bicheiro que hospedava Itamar, com quase 65. Ele flutuou sobre flocos de nuvens ao divisar o colosso com poucos centímetros de fantasia, 96 de busto, 68 de cintura, 96 de quadris e seios à mostra. “Vi que o presidente estava me olhando, sorrindo e acenando”, resumiria Lilian. “Achei o Itamar charmoso e mandei um beijo para ele”.

A evolução do diálogo sem palavras, um dos muitos espantos da reportagem de capa da edição de 23 de fevereiro de VEJA, incluiu olhares cúmplices, sorrisos atulhados de promessas,  beijos soprados e outras mensagens gestuais que convenceram Lilian a assumir a ofensiva. Encerrado o desfile, substituiu a fantasia por uma camiseta que estacava nas virilhas e foi ao camarote do deputado Waldemar Costa Neto ─ ele mesmo, o mensaleiro ─ pedir-lhe que a apresentasse ao presidente da República. Cinco minutos depois, centenas de cliques por minuto registravam a cena inverossímil.

Camisa azul-piscina e calça bege (combinando com cinta, meias e sapatos em matizes da mesma cor), o Itamar que parecia um pote até aqui de cólera quando fotógrafos  atrapalhavam o namoro no cinema de Juiz de Fora sorria para as câmeras a meio metro de uma genitália desnuda ─ pecado mortal desde 1982 por ordem de bicheiros respeitadores dos bons costumes.  “Fiquei tão emocionada com a chance de conhecer o presidente que até esqueci de colocar a calcinha”, jura Lilian.  

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Ao longo da madrugada, o que começou com uma troca de olhares evoluiu para carícias explícitas, dedos entrelaçados, sussurros que denunciavam propostas audaciosas, mãos esquecidas em paragens interditadas ou tateando zonas perigosas, beijos na bochecha ou nas imediações da boca, outra vez murmúrios impróprios para menores de idade. Foram juntos para o hotel. Mas não subiram ao quarto. “Não havia clima”, assim traduz Lilian o constrangimento imposto pelo bando de testemunhas oculares. Não haveria uma segunda chance: o romance não resistiu à colisão com o noticiário sobre a mais recente brasileirice: fora inventada na Sapucaí a primeira-dama por uma noite. Seria um dos dois grandes momentos do governo Itamar. O outro, nascido em junho, foi o Plano Real.

Na semana passada, aos 79 anos, o ex-presidente só conseguia lembrar a ousadia econômica. Embalado pelo 15° aniversário do Real, filiou-se ao PPS, comunicou que voltaria com muito prazer ao governo de Minas e, claro, reiterou que precisa “”dizer umas verdades ao PSDB”, acusado pelo folião aposentado de creditar o êxito do plano exclusivamente a Fernando Henrique Cardoso. Nem um pio sobre a Sapucaí, onde não aparece desde o século passado. Nem uma vírgula sobre Lilian Ramos.

Se ele faz de conta que esqueceu, ela fala daquela noite como se tivesse acontecido ontem.  “Eu me senti entre amigos”, diz.  “O José Aparecido, que era embaixador em Portugal, até se ofereceu para me hospedar na embaixada quando o Itamar fosse para Lisboa”. Não houve o reencontro, mas Lilian fala de Itamar sempre em tom afetuoso.  “Aquele incidente me tornou conhecida em todo o Brasil e no Exterior”, repete.

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Na Itália desde o fim de 1994, Lilian reapareceu na Sapucaí no Carnaval de 2008. Em ótima forma, está casada com o empreiteiro Luca Cieri, tem passaporte italiano e mora num apartamento na Piazza di Spagna, em Roma. “Temos um barco de 30 metros”, orgulhou-se.  “Costumo passar as férias em Saint Tropez, Portofino e em Porto Cervo”.  Para preservar tais confortos, aliás, achou sensato colocar em recesso a carreira artística.

 “Trabalhei na RAI e no Canal 5, fiz dois filmes de comédia e gravei um CD com 12 músicas italianas e duas brasileiras, mas dei uma parada no trabalho porque meu marido é muito ciumento”, explica.  “Já fui capa de duas revistas, atuei em peças de teatro, filmes e muitos programas de televisão. “Quando vou a uma festa, sempre sou muito fotografada. Lá, sou uma vedete”. Não tem motivos para voltar, mas pensa frequentemente em Itamar. E naquela noite.

“Ele jurou que, se eu quisesse, cancelaria a viagem para Juiz de Fora, não iria para Brasília e ficaria comigo no Rio”, Lilian sorri com a lembrança. No dia seguinte, a foto sem precedentes começou a ser reproduzida por todos os jornais e revistas, quase sempre com a maior ousadia coberta por uma tarja ou um x, como preferiu VEJA. Qual foi a reação do presidente ao perceber que fora o único a não se dar conta do sumiço da calcinha? “O Itamar só soube quando viu os jornais”,  recorda.  “Ficou muito bravo com a imprensa”.

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