Imagens em Movimento: O retrato de uma nação
SYLVIO DO AMARAL ROCHA David Llewelyn Wark Griffith – ou, simplesmente, D.W. Griffith – foi o mais importante cineasta americano até morrer em 1948. Um dos inventores da gramática cinematográfica, ele começou a transformar-se numa figura estelar com O Nascimento De Uma Nação, de 1915. O filme custou cerca de US$ 110 mil (uma exorbitância […]

SYLVIO DO AMARAL ROCHA
David Llewelyn Wark Griffith – ou, simplesmente, D.W. Griffith – foi o mais importante cineasta americano até morrer em 1948. Um dos inventores da gramática cinematográfica, ele começou a transformar-se numa figura estelar com O Nascimento De Uma Nação, de 1915. O filme custou cerca de US$ 110 mil (uma exorbitância para a época), amplamente compensados pela arrecadação: US$ 3 milhões nos Estados Unidos e outros US$ 10 milhões no restante do mundo.
Os 165 minutos evocam a Guerra da Secessão, que conflagrou os EUA entre 1861 e 1865, e o tema dominante é a escravidão. Griffith afirmou que o filme deve muito a seu pai, um coronel sulista que lhe contava histórias dos combates de que participou engajado no exército confederado. A visão indulgente do racismo e a exaltação da Ku Klux Klan, apresentada como uma legião de heróicos defensores da honra das mulheres brancas, provocam até hoje controvérsias e críticas.
Para compreender a obra do grande diretor, é preciso conhecer a outra face da nação admirada pela velocidade dos avanços civilizatórios e tecnológicos. Esse país conviveu (e, com menos intensidade, ainda convive) com a América patriarcal e provinciana. A fusão desses dois mundos permite contemplar com maior nitidez os Estados Unidos do começo do século 20 e o próprio Griffith.
Com um roteiro baseado no livro The Clansman, de Thomas F. Dixon, O Nascimento De Uma Nação foi o primeiro longa-metragem exibido na Casa Branca. Depois da sessão, o presidente Woodrow Wilson resumiu o que sentira em duas frases: “É como escrever história com raios. E meu único pesar é que tudo aquilo é terrivelmente verdadeiro”.
Entre longas e curtas, Griffith dirigiu mais de 300 filmes e consolidou o melodrama como linguagem. “O bom filme é aquele que faz o público esquecer seus problemas”, disse durante uma entrevista concedida 30 anos depois de O Nascimento De Uma Nação. “Também é capaz de fazer as pessoas pensarem um pouco, sem deixá-las perceber que estão sendo induzidas a isso. De modo geral, um filme é bom quando mostra o triunfo do bem sobre o mal”. Neste link é possível assistir ao filme em sua íntegra. Veja abaixo o trailer dessa obra que serviu de fonte inspiradora para incontáveis cineastas do mundo inteiro.