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Augusto Nunes

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Eliane Cantanhêde: Compostura, senhores!

A guerra insana entre Gilmar e Janot reproduz o debate sobre limites da Lava Jato

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h59 - Publicado em 24 mar 2017, 20h07

Publicado no Estadão

Como no poema Congresso Internacional do Medo, do insuperável Carlos Drummond de Andrade, os políticos já não cantam o amor, só cantam o medo, “o medo dos sertões, dos mares, dos desertos/ o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas”. E no fim? “Depois morreremos de medo/ e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas”?

Esse medo generalizado se espalha pelos partidos governistas e oposicionistas e vem não só diretamente das acusações da Lava Jato, mas também da exposição de seus nomes à opinião pública – aos sertões, mares, desertos, soldados, mães e igrejas. Aonde eles vão, há sempre um olhar de reprovação, um dedo em riste, um grito estridente. “Daqui a pouco, não posso mais andar na rua”, diz um deles, resumindo o estado de espírito em Brasília.

A reclamação comum é principalmente diante das duas listas vazadas das delações da Odebrecht, em que se embolam ex-presidentes e ex e atuais ministros, governadores e parlamentares com os dois dos grandes símbolos da Lava Jato, Eduardo Cunha e Sérgio Cabral. Mas o pavor não é só diante dessas listas, mas também das revelações da Odebrecht ao TSE sobre a chapa Dilma-Temer, como as que explodiram ontem em Brasília.

Antes, reclamam, havia réus, condenados, acusados, indiciados. Agora, entrou em cena o “mencionado”, que tanto pode ser quem recebeu doações de campanha como um contumaz corrupto, chefe de quadrilha. Segundo alguns dos alvos, a menção é como um fantasma: todo mundo sabe, mas o mencionado não leu, não viu e não ouviu, logo, não tem como se defender.

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É por esse medo terrível (de fantasmas e de acusações concretas), que PMDB, PSDB, DEM e também PT, PCdoB… defendem a “coragem” do ministro Gilmar Mendes (STF e TSE), que está numa cruzada para condenar vazamentos e práticas dos investigadores da Lava Jato, alternando a toga e uma armadura contra as críticas. O mundo bem informado, porém, está dividido entre os que defendem incondicionalmente os agentes da Lava Jato e os que aplaudem a reação de Gilmar ao que seriam “abusos”.

Em qualquer hipótese, há um excesso quando um ministro do Supremo acusa a Procuradoria-Geral da República de fazer entrevistas coletivas em “off” para vazar investigações sigilosas, diz que isso é crime e que a PGR “não está acima da lei”. E mais: ameaça “descartar” as delações com base no Código Penal. E o excesso continua, quando o procurador-geral Rodrigo Janot acusa indiretamente Gilmar de “disenteria verbal” e de “cortejar desavergonhadamente o poder”.

Como numa final de pingue-pongue, a plateia olha para um lado, para o outro, para um lado, para o outro, e começa a não entender mais nada, ou a desistir de acreditar em alguma coisa ou, simplesmente, a levar ao máximo a radicalização (pró e anti Lava Jato). Quem será o juiz dessa partida insana entre Gilmar e Janot, homens públicos respeitáveis e bem intencionados? A guerra entre eles reproduz o “ame-o ou deixe-o” que cerca o juiz Sérgio Moro e o debate sobre a calibragem entre o combate à corrupção e a garantia de direitos. E se espalha como pólvora pelos meios políticos, empresariais, jurídicos e midiáticos, decantando para os lares brasileiros.

A grande pergunta é como serão as “flores” que nascerão sobre o túmulo daquele Brasil, tomara que moribundo, em que os poderosos roubavam à vontade o dinheiro público, até chegar ao cúmulo de destruírem a Petrobrás. Serão “flores amarelas do medo”? Ou flores frescas de todas as cores e odores, trazendo a esperança de um Brasil melhor? A Lava Jato não pode errar a mão, assim como ministros do STF e procuradores não devem jamais perder a compostura.

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