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Editorial do Estadão: O Censo Demográfico

Realizado pela primeira vez em 1872, é uma ferramenta imprescindível para se conhecer a realidade brasileira

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 19h41 - Publicado em 1 jun 2019, 11h36

Mais um problema administrativo eclodiu no governo do presidente Jair Bolsonaro. Desta vez foi no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e envolve uma acirrada discussão sobre o número de perguntas que comporão o questionário do Censo Demográfico de 2020 que será aplicado a 10% dos domicílios do País. Num teste feito em abril, o corpo técnico do órgão propôs 112 questões. A Diretoria de Pesquisa, contudo, definiu que ele terá 76 perguntas.

A redução do número de perguntas foi proposta no início do ano pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com o objetivo de reduzir os custos do levantamento e obrigar o IBGE a se adequar às restrições orçamentárias impostas a quase todos os setores da administração pública, em face da escassez de recursos. O Censo foi orçado em R$ 3,4 bilhões, mas Guedes informou que o governo federal só concederia R$ 2,3 bilhões. Tanto o corte de recursos como a proposta de redução do número de questões foram mal recebidos pelo corpo técnico do IBGE, o que levou à demissão dos diretores de Pesquisas e de Informática.

Meses depois, incumbido pela presidente do órgão, Susana Cordeiro Guerra, de encolher o questionário, o economista Ricardo Paes de Barros propôs uma versão com 84 perguntas. Por seu lado, membros do corpo técnico do IBGE também passaram a discutir quais as perguntas que devem ser mantidas, quais devem ser reformuladas e quais podem ser deixadas de lado. Apresentaram duas minutas de questionário, uma com 96 questões e outra com 84, e afirmaram que qualquer corte adicional colocaria em risco a qualidade e a eficácia da pesquisa, comprometendo o “sistema estatístico nacional”.

A discussão, que começou com forte viés político, foi adquirindo caráter mais técnico com o passar do tempo. Ao justificar a decisão de fazer apenas 76 perguntas, o novo diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios Neto, disse que a ideia foi retirar do questionário as indagações sobre estado civil e posse de bens de consumo duráveis, como computadores, automóveis, motocicletas, geladeira, telefone celular e laptop. Também afirmou que foram retiradas perguntas sobre o valor dos aluguéis pagos pela população, sobre o tempo gasto pelos brasileiros de casa para o trabalho ou escola e sobre rendimentos de todos os moradores de um domicílio, limitando-se os pesquisadores a só indagar a renda do chefe da família.

“O Censo é, principalmente, para contar pessoas e medir a faixa etária delas. É um grande desafio. É uma operação logística complexa”, afirma Rios Neto, que se propôs a discutir o questionário composto por 76 perguntas com o corpo técnico, “por uma questão de respeito” e com a condição de que o encontro não se converta em “assembleia”. Em nota, o sindicato dos técnicos alegou que esse questionário foi imposto de modo unilateral.

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Segundo os técnicos, a exclusão das perguntas sobre o tempo de deslocamento da população deixará os municípios, os Estados e a União sem dados estatísticos para fundamentar políticas de mobilidade urbana e dificultará os cálculos de investimentos para a formulação de políticas públicas.

Já a exclusão das perguntas sobre equipamentos domésticos pode deixar o poder público desinformado sobre o nível de bem-estar das famílias. “O Índice de Desenvolvimento Humano, que é feito com base no Censo Demográfico, não vai poder ser realizado como antes”, afirma o ex-chefe de Contas Nacionais do IBGE Cláudio Considera.

Realizado pela primeira vez em 1872, o Censo Demográfico é uma ferramenta imprescindível para se conhecer a realidade brasileira, fundamentar a elaboração de políticas públicas e orientar investimentos privados. Por isso, independentemente das restrições orçamentárias, é preciso que os dirigentes do IBGE nomeados pelo ministro da Economia e o corpo técnico do órgão conversem e tomem decisões sensatas. Se não se entenderem, como advertem os demógrafos, o Censo poderá deixar de coletar informações com o mínimo de qualidade, com prejuízos incalculáveis para o País.

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