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Augusto Nunes

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Editorial do Estadão endossa a constatação feita pela coluna há 5 anos: os discursos de improviso de Dilma Rousseff são um desfile de frases inacabadas, parágrafos incompreensíveis e ideias sem sentido

“Os dois discursos de Dilma Rousseff estavam repletos de frases inacabadas, períodos incompreensíveis e ideias sem sentido”. “Dilma é a representante de todos os brasileiros – e não apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua limitadíssima oratória”. “Dilma continuou a cometer desatinos gramaticais e atentados à lógica”. “É possível imaginar, diante de tal […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h22 - Publicado em 26 fev 2014, 12h01

“Os dois discursos de Dilma Rousseff estavam repletos de frases inacabadas, períodos incompreensíveis e ideias sem sentido”.

“Dilma é a representante de todos os brasileiros – e não apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua limitadíssima oratória”.

“Dilma continuou a cometer desatinos gramaticais e atentados à lógica”.

“É possível imaginar, diante de tal amontoado de palavras desconexas, a aflição dos profissionais responsáveis pela tradução simultânea”.

“Depois, em discurso a empresários, Dilma divagou, como se grande pensadora fosse, misturando Monet e Montesquieu – isto é, alhos e bugalhos”.

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“A presidente julgou desnecessário preparar-se melhor para representar de fato os interesses do Brasil e falou como se estivesse diante de estudantes primários – um vexame para o País”.

Embora lembrem os textos de Celso Arnaldo Araújo, as seis frases foram extraídas do editorial publicado pelo Estadão na edição de hoje, sob o título Ela fala pelo Brasil. Há poucos meses, o jornal descobriu o que esta coluna repete desde que abril de 2009, quando nasceu: a presidente da República não se expressa em português, mas em dilmês. Nesta quarta-feira, finalmente se rendeu à constatação aqui reiterada há cinco anos: Dilma Rousseff não fala coisa com coisa. Confira a íntegra do editorial. Volto em seguida.

Até mesmo o lusófono presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, deve ter tido sérias dificuldades para entender os dois discursos da presidente Dilma Rousseff proferidos em Bruxelas a propósito da cúpula União Europeia (UE)-Brasil. Não porque contivessem algum pensamento profundo ou recorressem a termos técnicos, mas, sim, porque estavam repletos de frases inacabadas, períodos incompreensíveis e ideias sem sentido.

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Ao falar de improviso para plateias qualificadas, compostas por dirigentes e empresários europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez todo o seu despreparo. Fosse ela uma funcionária de escalão inferior, teria levado um pito de sua chefia por expor o País ao ridículo, mas o estrago seria pequeno; como ela é a presidente, no entanto, o constrangimento é institucional, pois Dilma é a representante de todos os brasileiros – e não apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua limitadíssima oratória.

Logo na abertura do discurso na sede do Conselho da União Europeia, Dilma disse que o Brasil tem interesse na pronta recuperação da economia europeia, “haja vista a diversidade e a densidade dos laços comerciais e de investimentos que existem entre os dois países” – reduzindo a UE à categoria de “país”.

Em seguida, para defender a Zona Franca de Manaus, contestada pela UE, Dilma caprichou: “A Zona Franca de Manaus, ela está numa região, ela é o centro dela (da Floresta Amazônica) porque é a capital da Amazônia (…). Portanto, ela tem um objetivo, ela evita o desmatamento, que é altamente lucrativo – derrubar árvores plantadas pela natureza é altamente lucrativo (…)”. Assim, graças a Dilma, os europeus ficaram sabendo que Manaus é a capital da Amazônia, que a Zona Franca está lá para impedir o desmatamento e que as árvores são “plantadas pela natureza”.

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Dilma continuou a falar da Amazônia e a cometer desatinos gramaticais e atentados à lógica. “Eu quero destacar que, além de ser a maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica, mas, além disso, ali tem o maior volume de água doce do planeta, e também é uma região extremamente atrativa do ponto de vista mineral. Por isso, preservá-la implica, necessariamente, isso que o governo brasileiro gasta ali. O governo brasileiro gasta um recurso bastante significativo ali, seja porque olhamos a importância do que tiramos na Rio+20 de que era possível crescer, incluir, conservar e proteger.” É possível imaginar, diante de tal amontoado de palavras desconexas, a aflição dos profissionais responsáveis pela tradução simultânea.

Ao falar da importância da relação do Brasil com a UE, Dilma disse que “nós vemos como estratégica essa relação, até por isso fizemos a parceria estratégica”. Em entrevista coletiva no mesmo evento, a presidente declarou que queria abordar os impasses para um acordo do Mercosul com a UE “de uma forma mais filosófica” – e, numa frase que faria Kant chorar, disse: “Eu tenho certeza que nós começamos desde 2000 a buscar essa possibilidade de apresentarmos as propostas e fazermos um acordo comercial”.

Depois, em discurso a empresários, Dilma divagou, como se grande pensadora fosse, misturando Monet e Montesquieu – isto é, alhos e bugalhos. “Os homens não são virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da humanidade a virtude, porque ela não é virtuosa, mas alguns homens e algumas mulheres são, e por isso que as instituições têm que ser virtuosas. Se os homens e as mulheres são falhos, as instituições, nós temos que construí-las da melhor maneira possível, transformando… aliás isso é de um outro europeu, Montesquieu. É de um outro europeu muito importante, junto com Monet.”

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Há muito mais – tanto, que este espaço não comporta. Movida pela arrogância dos que acreditam ter mais a ensinar do que a aprender, Dilma foi a Bruxelas disposta a dar as lições de moral típicas de seu padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acreditando ser uma estadista congênita, a presidente julgou desnecessário preparar-se melhor para representar de fato os interesses do Brasil e falou como se estivesse diante de estudantes primários – um vexame para o País.

Vamos acabar vencendo porque temos razão, repito a amigos compreensivelmente afetados por algum surto de pessimismo. Hoje ganhamos outra briga. Até agora, além desta coluna, só o Blog do Planalto (cujos editores decerto morrem de medo de alterar discurseiras da chefe) reproduzia sem qualquer correção ou retoque os aterradores improvisos de Dilma Rousseff.  O Estadão é o primeiro grande jornal a publicar exatamente o que a presidente disse em dilmês, não o que os redatores imaginam que o neurônio solitário queria dizer.

O restante da imprensa não demorará a entender que traduzir para o português as falas de Dilma é um desrespeito aos leitores e um pontapé no direito à informação correta. Os brasileiros merecem saber que são governados por alguém incapaz de explicar o que pensa. Se é que consegue pensar.

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