Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Editorial do Estadão: A militância partidária

O País depende da política, que depende dos partidos. Não há democracia possível sem uma vida partidária vibrante

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h23 - Publicado em 23 jul 2018, 16h47

Ainda que os partidos políticos constituam uma realidade fundamental para a democracia representativa, raramente eles são objeto de estudo detalhado. A vida interna das agremiações é pouco conhecida, o que dá margem a juízos precipitados, quase sempre negativos, sobre as legendas. Com o objetivo de reverter esse quadro, o Departamento de Ciência Política da Unicamp tem conduzido o projeto temático “Organização e funcionamento da política representativa no Estado de São Paulo (1994 e 2014)”, cujos primeiros resultados jogam luzes sobre a militância partidária, conforme noticia recente edição da revista Pesquisa Fapesp.

Circunscrita ao Estado de São Paulo, a pesquisa contou com a participação de 445 filiados dos dez principais partidos nacionais ─ DEM, MDB, PDT, PP, PPS, PR, PSB, PSDB, PT e PTB ─, que reúnem cerca de 80% da militância no País. “Trata-se da primeira pesquisa, de natureza acadêmica, no País, que ouviu diretamente integrantes de partidos políticos”, diz Rachel Meneguello, professora titular da Unicamp e responsável pelo projeto.1

Ao traçar um perfil do filiado político, o estudo revelou que, em geral, ele é mais velho, mais escolarizado e com uma renda superior à média nacional. Por exemplo, 59,3% dos filiados têm alguma formação superior. Outro dado que se destaca é a proporção de funcionários públicos na militância partidária: 58,9% dos filiados no Estado de São Paulo provêm do funcionalismo público. Segundo o pesquisador Oswaldo Amaral, da Unicamp, o alto porcentual pode ser reflexo da importância atual dos recursos estatais para as legendas. “Cada vez mais os partidos dependem de recursos estatais. Tanto para campanhas e eleições quanto para fazer suas máquinas funcionarem. Os políticos indicam para suas assessorias e cargos de confiança pessoas ligadas aos próprios partidos”, afirma Amaral.

De toda forma, a desproporção com a realidade social é significativa. Apenas 12% dos trabalhadores são funcionários públicos, mas sua participação nos principais partidos quase chega a 60%. O dado talvez ajude a entender a força da pressão política das corporações públicas no Congresso.

A pesquisa também avaliou a dedicação dos filiados às legendas. Os resultados desmentem a ideia de que os partidos seriam organizações sem vida própria. Entre os entrevistados, 89% dedicam mensalmente algum tempo ao partido.

Continua após a publicidade

A participação não se restringe a anos eleitorais. Em 2013, por exemplo, 81% dos militantes estiveram em alguma atividade do partido. Cerca de um quarto dos filiados contribui regularmente com a legenda.

Um dado peculiar do Brasil, que destoa do que se vê em outros países, é o número de militantes. Segundo os registros das legendas, haveria 17 milhões de filiados a partidos, o que representa 11% do eleitorado. Ainda que não seja preciso, trata-se de um número muito alto, que contrasta com a distância que se observa entre o eleitor médio e os partidos.

Apenas 37,1% disseram que a sua filiação partidária foi motivada por convicções políticas. Mais de um quarto (28,5%) afirmou que a possibilidade de convivência partidária foi o fator determinante para a filiação à legenda. Em relação ao modo como ocorreu a filiação, 29,2% dos entrevistados disseram ter sido recrutados pela própria legenda, por exemplo, em comícios eleitorais. Também aparecem na pesquisa a sugestão de amigos e parentes (27,6%), o convite de políticos eleitos (9,2%) e a participação sindical (8,8%).

Continua após a publicidade

A despeito da expressiva participação nas atividades da legenda, a maioria dos filiados qualificou como reduzida sua influência no processo decisório do partido. Neste caso, confirma-se a impressão de que as legendas são internamente pouco democráticas, conduzidas por alguns poucos.

O País depende da política, que depende dos partidos. Não há democracia possível sem uma vida partidária vibrante, capaz de prover um debate público rico e de formar bem suas lideranças. Há muito ainda a conhecer sobre essa realidade decisiva para os rumos do País.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.