Deonísio da Silva e a lenda da papisa
Leiam o recado do escritor Deonísio da Silva: Agradeço aos leitores as observações. Quando eu tentava enviar o texto, vinha um recado informando “parece que você já enviou um texto semelhante” e acabou entrando a primeira versão (no meu blog saiu certo), na qual a papisa é identificada como João XXIII. A papisa Joana teria […]
Leiam o recado do escritor Deonísio da Silva:
Agradeço aos leitores as observações. Quando eu tentava enviar o texto, vinha um recado informando “parece que você já enviou um texto semelhante” e acabou entrando a primeira versão (no meu blog saiu certo), na qual a papisa é identificada como João XXIII. A papisa Joana teria reinado sob o nome de João VII. Mas houve realmente dois papas com o nome de João XXIII: um antipapa, que reinou entre 1410 e 1415, depois foi preso; e o celebérrimo João XXIII, papa entre 1958 e 1963.
Quanto à força da lenda da papisa Joana (com o nome de João VII), ela é tão arraigada que, numa linhagem exclusivamente masculina, gerou o feminino papisa (do Latim tardio papissa), em homologia com rei/rainha, imperador/imperatriz, príncipe/princesa etc. Três dos mais consultados dicionários da língua portuguesa (Caldas Aulete, Houaiss e Aurélio) referem a lenda no verbete PAPISA. Há muitas outras controvérsias sobre Papas, incluindo o número deles.
Jacques Mercier em “Vingt siècles d´HIstoire du Vatican: de Saint-Pierre à Jean-Paul II”(Paris, Lavauzelle, 1979) conta 260 papas, dois quais 215 tiveram morte natural, 6 foram assassinados, 4 morreram no exílio e 1 na prisão. Na contagem de Mercier, Bento XVI seria o de número 261, mas outras fontes informam ser o atual papa o de número 265. Os maçons fazem outra conta, dividindo a contagem entre intramuros e extra muros e extramuros.
Errar é humano, com diz o famoso provérbio (errare humanum est, sed perseverare in errore diabolicum est). Não quis ser pernóstico, quis apenas observar alguns indícios de que havia, como ainda acho que há, estranhezas adicionais à grande estranheza de um papa renunciar. E uma delas era a pressa de anunciá-la! Por que tanta pressa? E a estranheza se justifica: afinal, apenas sete deles renunciaram em dois mil anos! Mas acho que o mais correto seria o verbo abdicar, pois o Vaticano é uma monarquia.
Por último, muitos ouviram a fala de Bento XVI anunciando aos cardeais que irá renunciar (ou abdicar) no próximo dia 28, às 20h. Todavia apenas a jornalista Giovanna Chirri, que sabe Latim, ouviu, entendeu e deu um furo mundial! Um sinal dos tempos para uma instituição tão machista, na qual a mulher não pode ser papisa (embora persista há tantos séculos a lenda de que uma chegou lá), cardeal, bispa, sacerdotisa, isto é, tem presença vetada na administração superior da Igreja.