De onde vêm as palavras: Chegou a hora de a onça beber água
Deonísio da Silva e as expressões animalescas da língua portuguesa
A habilidade verbal dos brasileiros é coisa impressionante! Trazem facilmente os animais para a conversa.
Mas qual é a hora de a onça beber água? É a mesma de tirar o cavalo da chuva? Ou é quando a porca torce o rabo, pega-se o touro à unha e a vaca vai pro brejo?
A onça em questão será da mesma laia do Bicho de Sete Cabeças e de seu antiquíssimo pseudônimo, a Hidra de Lerna, nome da operação que a Polícia Federal lançou na semana passada, em busca de corruptos que, impedidos de roubar num lugar, logo estão roubando noutro, mas sempre da mesma vítima, o distinto público?
Não vamos pôr minhocas na cabeça! Somente alguém com espírito de porco e bafo de onça para duvidar de que chegou no Brasil a hora de a onça beber água. A Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro que o digam.
“A hora de a onça beber água” é expressão para indicar, em poucas palavras, um momento decisivo e perigoso. Afinal, diz-se que a onça costuma beber água ao cair da noite. É a melhor hora de caçar o bicho. Mas ainda assim todo cuidado é pouco. A onça pode reagir!
Por isso, quando chega a hora de a onça beber água, os outros animais tomam cuidado. Os índios sabiam disso e não entravam na água nessa hora. Os primeiros colonizadores, não sabendo isso, serviram de pasto ao animal.
Onça também já foi nome de moeda de ouro. Mas hoje a onça de que trata esta crônica prefere dólar (risos).
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