Cristiana Ceschi, contadora de histórias: “Estamos perdendo o dom de imaginar”
BRANCA NUNES Num mundo cada vez mais dominado por imagens, como induzir as crianças a mergulharem no universo mágico das histórias orais? A atriz, cientista social e contadora de histórias Cristiana Ceschi tem suas artimanhas. “Para competir com a televisão, o computador, os jogos e toda a quantidade de entretenimento disponível, você tem que estar […]
BRANCA NUNES
Num mundo cada vez mais dominado por imagens, como induzir as crianças a mergulharem no universo mágico das histórias orais? A atriz, cientista social e contadora de histórias Cristiana Ceschi tem suas artimanhas. “Para competir com a televisão, o computador, os jogos e toda a quantidade de entretenimento disponível, você tem que estar presente com a sua verdade”, ensina Cristiana, que há 12 anos deslumbra crianças e adultos. “Uma boa história faz a gente entrar em contato com elementos essenciais da existência humana, como ter disponibilidade para amar e sonhar. Ultimamente, temos perdido contato com essas coisas”.
Depois de ver algumas crianças procurando em smartphones imagens da medusa segundos depois de anunciar que contaria a história dessa figura da mitologia grega, Cristiana decidiu estudar qual o papel da arte que pratica na nova realidade. Sua tese de mestrado, “O Narrador Contemporâneo e a Arte da palavra no contexto da Era Digital”, tem a orientação de Regina Machado, professora da Universidade de São Paulo e uma das maiores contadoras de história do Brasil. “A quantidade de telas sem dúvida interfere na maneira e na capacidade das crianças de imaginar”, conta Cristiana. “Ao mesmo tempo, tanto adultos quanto crianças estão sedentos por histórias”.
Cristiana assina a direção e o roteiro da ótima peça Até as Princesas soltam Pum, da Cia Toc Toc Posso Entrar?, em cartaz no Teatro Alfa, em São Paulo. Inspirado no texto de Ilan Brenman, o espetáculo revela algumas qualidades das princesas reais. “A princesa é um arquétipo”, explica Cristiana. “Na história tradicional ela tem o dom de inspirar amor. É uma figura forte, corajosa. Costumo dizer que esta princesa da Disney, estereotipada, foi amaciada com um martelinho de bater carne. É importante as crianças entrarem em contato com a princesa primordial, uma princesa possível, livre. Uma princesa que solta pum”. Confira a entrevista – e ouça algumas histórias:
https://videos.abril.com.br/veja/id/b30f76dbf09d32ba9527c82fcf77f6c9?
https://videos.abril.com.br/veja/id/bc1e80353a6d31659079986943f33c91?
https://videos.abril.com.br/veja/id/8bd643caad7eb5e62e84a4e358d6f251?