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Augusto Nunes

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Cinema é cachoeira

Texto publicado na edição de maio da Revista Competir Sylvio do Amaral Rocha Crianças colocam um cigarro na boca de um sapo. Brincadeira típica da roça, coisa de moleque. A ideia é fazer o sapo explodir. Confesso que até hoje não sei se o sapo realmente explode. O filme Thesouro Perdido (1927), de Humberto Mauro, […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h45 - Publicado em 21 jul 2010, 19h56

Texto publicado na edição de maio da Revista Competir

Sylvio do Amaral Rocha

Crianças colocam um cigarro na boca de um sapo. Brincadeira típica da roça, coisa de moleque. A ideia é fazer o sapo explodir. Confesso que até hoje não sei se o sapo realmente explode. O filme Thesouro Perdido (1927), de Humberto Mauro, também não dá a resposta. Uma das mais belas do cinema nacional, esta é uma cena síntese. Remete à infância, faz lembrar travessuras de menino, nada corretas. Traz um Brasil meio Sacy, uma imagem que, para quem não entende de roça, pode parecer um tanto demoníaca: um negrinho fumando e um sapo com um cigarro na boca. Mas poucas sequências retratam tão bem esse país, que é tão familiar e ao mesmo tempo tão difícil de captar. Mauro, ao longo de sua trajetória, vai buscar imagens como essa. Ele acredita no poder do cinema para pensar, discutir e mostrar o Brasil ao brasileiro.

Autor de uma vasta filmogafia, é convidado, em 1936, a se juntar ao recém criado Instituto Nacional de Cinema e Educação, o INCE, ligado ao Ministério da Educação e Saúde. O legado é imenso. Dos mais de 400 filmes do Instituto, dirigiu aproximadamente 350. Na primeira fase do órgão, Mauro é um pouco refém das ideias da direção: um cinema de cunho científico, educacional e desenvolvimentista. O Brasil oficial. Num segundo momento, ganha maior liberdade e consegue fazer seu cinema rural. Dessa forma, ao mesmo tempo em que registra inaugurações de hospitais, desfiles e discursos, mapeia nossas matas, nosso povo e nossa cultura. Faz cinema.

Na história da sétima arte, a natureza logo inspirou um grande ilusionista: “As folhas se mexem”, impressionou-se Georges Méliès , o pai do cinema francês, durante a projeção do curta Repas de Bébé, dos irmãos Lumiére, na primeira de todas as sessões de cinema, em dezembro de 1895. Nos filmes de Mauro a cachoeira é uma imagem recorrente. Ao filmá-la, ele se esconde. Quer que o momento seja captado em sua pureza. Se a cachoeira fitasse a câmera, a magia estaria perdida. Numa entrevista, disparou: “Cinema é cachoeira”. O Méliès dos brasileiros percebeu que, como o vento mexe as folhas, as águas em queda mostram a natureza viva, pulsando, em movimento – elemento fundamental do cinema. E da vida.

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Filme A Velha a Fiar, de Humberto Mauro:

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