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Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Carros perfeitos

Já na minha poltrona predileta, admirei meu novo brinquedo e senti saudades daqueles bólidos da infância. Sem emplacamento. Sem seguro. Sem combustível

Por Heraldo Palmeira
27 jan 2018, 17h12 • Atualizado em 30 jul 2020, 20h35
  • Heraldo Palmeira

    Os sinais iniciais da minha paixão pelos carros estão registrados em fotografias amareladas da primeira infância. Desfilava garboso num jipe de lata Bandeirante, verde musgo, a pedal. Fazendo com a boca o barulho do motor, da buzina, dos pneus cantando em freadas e curvas perigosíssimas criadas pela imaginação.

    O alpendre que circundava a casa enorme era a minha pista de corrida. Não demorou, descobri que podia turbinar o motor e ficar ainda mais veloz: ao invés de pedalar, algum amigo empurrava loucamente o carrinho. Que não tinha qualquer sistema de freio! Depois, posições alternadas, era a vez de eu retribuir a gentileza ocupando a função de motor e reforçando o sentido de equipe.

    Na terceira infância, já piloto experimentado das autopistas lúdicas, me aventurava como construtor de carrinhos de lata de óleo de cozinha. Com a bossa de colocar para fora o lado interno das latas, que deixava nossas picapes com carroceria de alumínio – novidade certamente capturada pela DeLorean na série cinematográfica De volta para o futuro.

    E para aproveitar as ruas de terra batida do interior, uma pequena tira de aço instalada no eixo traseiro riscava o chão levantando uma espetacular nuvem de poeira. Exatamente como víamos acontecer quando os carros de verdade passavam pelas estradas sem pavimentação, comuns naquela época.

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    Caminhando pela Avenida Paulista em pleno domingo, deparei-me com um senhorzinho vendendo carros de lata. Estilizados. Parei na hora e, em segundos, alheios ao movimento frenético da rua, estávamos gastando o verbo sobre carros e motos célebres. Todos em linha de produção no artesanato do homem simpático.

    Aproveitei para recomendar a ele uma visita à exposição montada no Conjunto Nacional, onde uns quase 30 carros estavam parados no tempo emoldurado em Jaguar E-Type, Shelby Cobra, Simca Chambord, Opala SS, Interlagos Berlineta, Karmann Ghia (conversível) e diversos outros modelos de desalinhar qualquer coração.

    Ao fim da conversa, acrescentei à minha frota um fusca azul e prata, modelo 1954 segundo seu construtor – “Veja, o vidro traseiro é bipartido!”. E me deu desconto porque o tanque estava vazio. Saí caminhando pela avenida em busca de casa, feliz da vida como um menino que viajou naquele carrinho para a infância feliz.

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    Pouco depois, já na minha poltrona predileta, admirei meu novo brinquedo e senti saudades daqueles bólidos da infância. Sem emplacamento. Sem seguro. Sem carteira de habilitação. Sem combustível. Sem guardas. Sem semáforos. Sem engarrafamentos. Sem pedestres perigosos distraídos por bugigangas eletrônicas. Sem acidentes. Sem poluição.

    Não havia dificuldade para brincar em bandos, desenvolvendo habilidades espaciais, aprendendo a consertar pequenos estragos, a partilhar e a cooperar com os amigos. E nem precisava ter aquele luxo de carroceria de alumínio reluzente. Eram carros perfeitos, como o meu fusca 54, novinho em folha e já orgulhosamente estacionado na estante-garagem!

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