Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Alisson não é jogador da Islândia

Um nome revela muitas coisas, mas para isso é preciso, como no caso do petróleo e das verdades ocultas, fazer prospecções

Por Deonísio da Silva
Atualizado em 4 jun 2024, 16h44 - Publicado em 24 jun 2018, 11h24

Deonísio da Silva

O goleiro da seleção brasileira, já convidado para ser modelo, chama-se Alisson, um nome escandinavo. Todos os jogadores da Islândia têm este “son” nos respectivos nomes.

A presença europeia fica ainda mais evidente no nome completo de nosso goleiro: Alisson Ramses Becker. Parece nome de faraó alemão, mas é nome de brasileiro.

Ainda que raro quanto aos dois prenomes e um pouco mais comum no sobrenome, é bem condizente com a miscigenação do Brasil meridional, onde, sobretudo, descendentes de portugueses, espanhóis, alemães, italianos e poloneses se fazem presentes nos estádios, tornando-se maioria em face daqueles que mostram no rosto sinais de outras heranças genéticas, como as indígenas e as africanas.

Nosso país é um dos mais misturados do mundo em questões de etnias e de culturas. A curiosidade adicional no nome do goleiro é que ele tem ainda um tradicional sobrenome de origem europeia: “son” indica sobrenome na cultura escandinava.

Continua após a publicidade

Uma das traduções mais literais para Alisson é “filho da Alice”. É nome é também feminino, mas no Brasil é preferencialmente de meninos.

Este “son” é indício dos primeiros sobrenomes, uma necessidade surgida quando o nome já não era suficiente para identificar o indivíduo. O recurso utilizado foi qualificá-lo como “filho” de alguém conhecido da comunidade por aquele nome. O nosso “júnior”, embora restrito ao filho que tenha o mesmo nome do pai, é exemplo do uso deste “son” em outras culturas.

Assim, o filho de Gustavo virou Gustafson, o filho de John tornou-se Johnson. Também na cultura de outros povos, não apenas europeus, o costume era este, ampliado depois com a inclusão do local ou região de nascimento e a profissão.

Continua após a publicidade

Somos filhos da Roma Antiga, que também começou a identificar as pessoas com apenas um nome, mas depois chegou a ter quatro ou cinco nomes, tornando o nome prenome.

Todavia, o comum eram três. Assim, César, o famoso estadista e general, chamava-se Caio Júlio César. Seu sucessor, entretanto, o imperador Otávio, recebeu dois nomes ao nascer, Caio Otávio, mas ao morrer tinha cinco, pois acrescentara outros três: Caio Júlio César Otaviano Augusto.

Nos países católicos, o sobrenome passou a ser obrigatório apenas no século XVI, por decisão tomada no Concílio de Trento.

Continua após a publicidade

No caso do Brasil, onde durante muitos séculos, apenas a Igreja cuidou da documentação dos brasileiros. A certidão de batismo e a certidão de casamento às vezes eram os únicos documentos do indivíduo pela vida afora, com uma característica muito importante: ao casar, a mulher acrescentava o sobrenome do marido ao seu.

Os filhos passavam a ser batizados apenas com o sobrenome do pai, mas aos poucos foi incorporado também o sobrenome da mãe. Sofia, filha de João da Silva e de Maria dos Santos, chamava-se então Sofia da Silva ou Sofia Santos da Silva.

O sobrenome do pai era sempre o último. Diante da explosão de nomes iguais ou muito semelhantes, os nordestinos passaram a inventar os prenomes, compondo-os com sílabas tiradas de diversos nomes e criando assim identificações muito originais.

Continua após a publicidade

“O que há num nome?”, pergunta Shakespeare, acrescentando: “aquilo que chamamos rosa teria bom perfume também com outro nome”.

O nome, a primeira coisa que o indivíduo não escolhe, revela muitas coisas, mas para isso é preciso, como no caso do petróleo e das verdades ocultas, fazer prospecções.

*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.