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Augusto Nunes

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Adeus, ”Geronimo”: a vitória dos árabes moderados

TEXTO PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUINTA-FEIRA Thomas L. Friedman Só há uma coisa boa no fato de Osama bin Laden ter sobrevivido por quase dez anos após o assassinato em massa planejado por ele no World Trade Center e no Pentágono. Ele viveu tempo suficiente para ver tantos jovens árabes repudiarem sua ideologia. Para ver […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h05 - Publicado em 5 Maio 2011, 16h52

TEXTO PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUINTA-FEIRA

BIN LADEN

Thomas L. Friedman

Só há uma coisa boa no fato de Osama bin Laden ter sobrevivido por quase dez anos após o assassinato em massa planejado por ele no World Trade Center e no Pentágono. Ele viveu tempo suficiente para ver tantos jovens árabes repudiarem sua ideologia. Para ver árabes da Tunísia ao Egito, no Iêmen e na Síria, levantarem-se pacificamente para conquistar dignidade, justiça e conquistas que Bin Laden afirmava que só poderiam ser obtidas pela violência e a volta ao islamismo puro.

Fizemos a nossa parte. Matamos Bin Laden com uma bala. Agora os povos árabes e muçulmanos têm a chance de fazer a deles – matar o bin-ladenismo com o voto. Isto é, com eleições reais, com constituições reais, partidos políticos reais e uma política progressista real.

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Sim, os vilões foram golpeados em todo o mundo árabe nos últimos meses – não só a Al-Qaeda, mas toda a galeria de ditadores, cujo fanatismo brando de baixas expectativas para seu povo manteve o atraso do mundo árabe. Agora, questão é se as forças da decência conseguirão se organizar, escolher e começar a construir um futuro árabe diferente. O resto é ruído.

Para compreender esse desafio, precisamos lembrar a origem do bin-ladenismo. Ele surgiu de uma negociata do diabo entre países consumidores de petróleo e ditadores árabes. Nós todos – Europa, América, Índia, China – tratamos o mundo árabe como uma coleção de grandes postos de gasolina, e enviamos a mesma mensagem aos petro-ditadores: mantenham o petróleo fluindo, os preços baixos e não perturbem Israel e poderão tratar seus povos como quiserem.

Bin Laden e seus seguidores foram um produto de todas as patologias que prosperaram no escuro – déficits incapacitantes de liberdade, direitos de mulheres e educação por todo o mundo árabe. Esse déficits nutriram um profundo senso de humilhação entre os árabes pelo tanto para trás que haviam ficado, uma fome profunda de controle sobre seus próprios futuros e um senso penetrante de injustiça em seu cotidiano.

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Esses aspectos foram os mais espantosos nos levantes árabes no Egito e na Tunísia. Eles foram quase apolíticos, não envolveram ideologia. Foram impulsionados por anseios humanos básicos por dignidade, justiça e controle da própria vida. Lembrem, uma das primeiras coisas que os egípcios fizeram foi atacar seus próprios postos policiais – os instrumentos da injustiça do regime. E como milhões de árabes compartilham esses anseios por dignidade, justiça e liberdade, as revoluções não vão desaparecer.

Durante décadas, porém, os líderes árabes eram muito adeptos de recolher toda essa raiva fermentando e redirecioná-la para os Estados Unidos e Israel. Sim, o comportamento particular de Israel às vezes alimentou o senso de humilhação e impotência árabe, mas não foi sua causa principal. Pouco importa. Enquanto os autocratas chineses diziam a seu povo, “Tiraremos a sua liberdade e, em troca, lhe daremos educação e nível de vida crescentes”, os autocratas árabes diziam “Tiraremos sua liberdade e lhe daremos o conflito árabe-israelense”.

Foi nesse cenário tóxico que surgiu Bin Laden. Psicopata e falso messias, pregou que somente pela violência – destruindo esses regimes árabes e seus apoiadores americanos – o povo acabaria com a humilhação, restauraria a justiça e construiria um califado mítico impoluto.

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Pouquíssimos árabes apoiavam ativamente Bin Laden, mas no início ele atraiu um apoio passivo importante por seu punho erguido contra os EUA, os regimes árabes e Israel. À medida que a Al-Qaeda começava a ser perseguida e a gastar a maior parte de suas energias matando outros muçulmanos que não rezavam pela sua cartilha, até seu apoio passivo se desfez.

Nesse vazio, sem qualquer esperança de alguém sair em seu socorro, parece que os públicos árabes na Tunísia, Egito, Iêmen e outras partes se despiram de seus medos e decidiram assumir o controle de forma pacífica. É o exato oposto do bin-ladenismo. Alguns preferem identidades mais religiosas e sectárias. É aí que estará a luta.

Não podemos prever o desfecho. Haverá uma luta de ideias – em uma região onde os extremistas ganhavam todas e os moderados se omitiam. Desta vez será diferente. Os moderados serão tão passionais e comprometidos como os extremistas. Se isso ocorrer, tanto Bin Laden como o bin-ladenismo estarão sepultos no fundo do oceano.

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