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Augusto Nunes

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Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A feia fumaça que sobe apagando as estrelas

Ao chegar ao Largo do Paissandu pela única rua liberada, enxerguei o quadrilátero mutilado, a desolação humana

Por Luzia Lacerda
Atualizado em 13 Maio 2018, 17h46 - Publicado em 13 Maio 2018, 15h00

Luzia Lacerda

Outro dia, uma amiga também apaixonada por São Paulo me perguntou qual é o lugar mais agradável da cidade para morar. Sem hesitação, respondi que é o Centro. Vivo aqui.

Quarenta e quatro anos depois da chegada, de ter morado em Perdizes, Pinheiros, Pompeia e Jardim Paulistano, aportei no coração de Sampa. Da porta de casa posso ir para qualquer lugar, seja por duas linhas de metrô, inúmeras linhas de ônibus, todos os tipos de táxis ou por grandes avenidas cujos acessos estão a poucos metros. Morar no Centro é estar perto de tudo. Há muitas rotas de fuga daqui. Ter várias opções para ir e vir é uma das melhores coisas desse lugar.

Das fachadas ao topo, os prédios antigos, de arquitetura barroca, neocolonial, art déco, art nouveau, eclética, modernista, não só  preservam a história da cidade como protegem moradores e passantes da feiura dos edifícios modernosos de vidro espelhado e esquadrias de alumínio do resto da cidade.

Quem não gosta dos homens não deve morar no Centro. É  tanta gente, de tantas tribos, que ao caminhar por aqui você esbarra nos 12 milhões de habitantes.

Um dos meus prazeres é vaguear entre prédios e pessoas ─ quase sempre fotografando. Na manhã de 5 de maio, um sábado, segui o rastro do cheiro de queimado. Na mão, a câmera; na bolsa, balas, pirulitos e maços de cigarro. Ao chegar ao Largo do Paissandu pela única rua liberada, enxerguei o quadrilátero mutilado, a desolação humana. Do grande defumador formado pelo edifício ausente saía fumaça escura; ninguém passava pelas outras ruas que convergem para a praça, bloqueadas pelos agentes de trânsito; a Galeria Olido, que abrigou um dos primeiros cinemas da metrópole nascente, com cartazes de espetáculos de dança; policiais a cavalo; policiais motorizados; o Ponto Chic, berço do bauru; assistentes sociais distribuindo alimentos e água; a galeria do Rock, sua fachada ondulada, suas mais de quatrocentas lojas; cartazes com frases de protestos e apelos; bombeiros com máscaras; cachorros e muita gente acampada ao redor da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. As paredes amarelas do templo, iluminadas pelo sol de outono, formavam o fundo perfeito para fotos. Entrei no cenário e deixei meu olhar vagar pelos olhares vagos. Em silêncio, constrangida, creio ter retratado o grito do desalento.

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(Luzia Lacerda/Divulgação)
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