A comparação escancarou o abismo
No segundo turno da eleição de 1998, um folheto sem maiores refinamentos nem requintes marqueteiros transformou-se na mais didática peça de propaganda da disputa pelo governo de São Paulo ─ e numa poderosa arma política de Mário Covas, que buscava a reeleição no duelo com Paulo Maluf. Para comparar os dois candidatos, os assessores do […]
No segundo turno da eleição de 1998, um folheto sem maiores refinamentos nem requintes marqueteiros transformou-se na mais didática peça de propaganda da disputa pelo governo de São Paulo ─ e numa poderosa arma política de Mário Covas, que buscava a reeleição no duelo com Paulo Maluf. Para comparar os dois candidatos, os assessores do governador relacionaram nove contrastes. Tanto bastou para escancarar o abismo que separava Covas de Maluf.
O que espera a oposição para recorrer à mesma fórmula, agora comparando os candidatos à Presidência da República? Basta substituir Mário Covas por José Serra, Paulo Maluf por Dilma Rousseff e repetir o texto quase integralmente. Os retoques são poucos. Na coluna da esquerda, só o nono item precisa ser corrigido. Como Covas já salvou São Paulo, Serra foi dispensado de fazê-lo. Limitou-se a melhorar o que recebeu em bom estado.
Na coluna da direita, dois itens devem ser revistos. Dilma Rousseff não poderia ter quebrado um Estado que não governou. Mas pode quebrar o Brasil. Também está longe dos 50 processos acumulados por Maluf. Em contrapartida, Maluf não se meteu com grupos armados que queriam trocar a ditadura militar pela ditadura do proletariado.