“Aqui se briga, lá se decide” e outras oito notas de Carlos Brickmann
Neste momento, há duas cidades em que se define o futuro brasileiro: Washington, por motivos óbvios, e Curitiba, por motivos ainda mais óbvios
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
Já se fala numa chapa só tucana para a eleição presidencial: a Min-Asia, Alckmin-Anastasia, unindo Aécio, padrinho político do ex-governador mineiro Alberto Anastasia, e o governador Alckmin. Mas quem avisa Serra de que ele, bem relacionado com o PMDB, ministro de Temer, está fora? E qual o sentido de montar uma chapa no mundo das delações premiadas, em que não se sabe qual inatacável de hoje vai virar o bandido de amanhã?
A propósito, um providencial pedido de vista do ministro Toffoli adiou o parecer do Supremo sobre a presença de réus na linha de sucessão presidencial. Com isso, Renan pode até ter alguma denúncia aceita pelo Supremo sem perder o cargo, no qual é o terceiro na linha de sucessão. Assim, a decisão fica para o ano que vem – depois do Carnaval, claro. Os aliados de Renan festejam, os adversários lastimam, este País não tem jeito.
E, no entanto, o balê de Brasília não tem a menor importância. Neste momento, há duas cidades em que se define o futuro brasileiro: Washington, por motivos óbvios (embora ninguém se atreva a prever o que significa para nós a vitória de Hillary ou de Trump nas eleições de hoje), e Curitiba, por motivos ainda mais óbvios. É em Curitiba que estão no forno delações que podem mudar o balanço de forças no país. É em Washington que se decide como funcionarão os acordos de comércio dos países ricos e quais nossas chances de participar.
E Brasília? Vai bem, obrigado.
Café com leite
A turma da Min-Asia parece que quer repetir a antiga política do café com leite, em que os partidos Republicano Paulista e Republicano Mineiro indicavam alternadamente presidente e vice (assim se governou o Brasil de 1899 a 1930, de Campos Salles a Prudente de Moraes). Mas os tempos mudaram, o sentido das palavras mudou, e até que o nome da política não está errado.
Existirá chapa mais café-com-leite do que Alckmin-Anastasia?
Tem quem tente
Pode não existir, mas há tucanos tentando. Com o crescimento de Alckmin, vencedor em São Paulo, buscam anulá-lo com um pacto entre Aécio e Serra. Os dois estão tão próximos que Aécio ofereceu uma nota de solidariedade a Serra, acusado de ter recebido doações clandestinas da Odebrecht. Ambos até marcaram uma conversa política em São Paulo.
Apenas relembrando
O PSDB é um partido formado exclusivamente por amigos em que todos são inimigos uns dos outros.
Vestindo a fantasia
O Globo dá a notícia em primeira mão: Dilma Rousseff vai ganhar um bloco de Carnaval, o Bloco da Querida. Letícia Sabatella será a madrinha. E Dilma pode até participar da festa, talvez fantasiada de Presidenta.
Uruguai, beleza!
A propósito, Dilma deu palestra anteontem em Montevidéu, na Jornada Continental contra o Neoliberalismo.
A propósito, Luiz Cláudio Lula da Silva, Lulinha, filho de Lula, está trabalhando no Uruguai, desde a última terça-feira, como preparador físico das equipes de base do Juventud de Las Piedras. De acordo com Yamandú Costa, presidente do Juventud, Lulinha trabalhará “sob um conceito progressista da formação do atleta”.
A propósito, o bom repórter Germano Oliveira, da revista IstoÉ, informou na semana passada que há investigações sobre uma bela casa em Punta Del Este, cujo dono oculto, acham os investigadores, seria Lula.
O país dos sonhos
A propósito, o Uruguai é governado pela Frente Ampla, uma espécie de PT dos tempos do Governo Lula, que em matéria econômica sinaliza à esquerda e segue pela direita. O sistema bancário uruguaio acredita em sigilo e em livre movimentação de capitais, com o mínimo de impostos.
A propósito, o Governo uruguaio trata Lula como um amigo de prestígio mundial, sempre bem-vindo; e, se houvesse uma ordem internacional de prisão contra ele, não a cumpriria, como se fosse cidadão uruguaio.
Trabalho completo
O advogado criminalista Adib Abdouni era do PCdoB e fã de Lula. À medida que foi tomando conhecimento da rede de corrupção, revoltou-se e decidiu escrever o livro Operação Lava Lula – os inquéritos, os grampos, as delações. Um retrato completo, elaborado por quem conhece as leis. Lançamento amanhã, segunda, 7, a partir das 19h, Livraria Cultura do Conjunto Nacional, São Paulo.
Bom debate
Amanhã, a partir das 9 horas, no Campus Liberdade da Fecap, debate sobre partidos políticos e propostas para aprimorar a democracia. Com Ricardo Young (Rede), Marcos Pestana (PSDB), Paulo Teixeira (PT), Raimundo Lyra (PMDB) e Christian Lobauer (Partido Novo).