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Augusto Nunes

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‘Nas asas de Eike’, de Ricardo Noblat

COLUNA DE RICARDO NOBLAT, PUBLICADA NO JORNAL O GLOBO DESTA SEGUNDA-FEIRA Ricardo Noblat Dono de um patrimônio avaliado em 30 bilhões de dólares, apontado pela Revista Forbes como a 8ª pessoa mais rica do mundo, o empresário Eike Batista pode emprestar a quem quiser seu jato Legacy de 26 milhões de dólares. Mas nem todo […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 11h27 - Publicado em 4 jul 2011, 17h47

COLUNA DE RICARDO NOBLAT, PUBLICADA NO JORNAL O GLOBO DESTA SEGUNDA-FEIRA

eike-batista-sergio-cabral-20110630-originalRicardo Noblat

Dono de um patrimônio avaliado em 30 bilhões de dólares, apontado pela Revista Forbes como a 8ª pessoa mais rica do mundo, o empresário Eike Batista pode emprestar a quem quiser seu jato Legacy de 26 milhões de dólares. Mas nem todo mundo pode aceitar o empréstimo. Como homem público, o governador Sérgio Cabral, por exemplo, não poderia.

Sabia-se que em outubro de 2009, Cabral voou no jato de Eike para assistir em Copenhague ao anúncio da escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016. Soube-se que ele voou no mesmo jato para passar recente fim de semana em Porto Seguro, que culminou com a queda de um helicóptero e a morte de sete pessoas.

Agora se ficará sabendo que pelo menos uma outra vez Cabral voou à custa de Eike. No mesmo Legacy. E que não foi um vôo de ida e volta a algum lugar. Foi um vôo cheio de idas e voltas. Um vôo excepcional. Que mobilizou o jato de Eike durante uma semana. E que provocou uma canseira braba nos pilotos.

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Dia 3 de dezembro do ano passado. Jordana Cavendish, mulher do empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta Construções, e de contratos com o governo do Rio no valor de R$ 1 bilhão, seu filho de três anos de idade e a babá do menino, estavam de malas prontas para voar em avião comercial com destino a Nassau, nas Bahamas, paradisíaco arquipélago do Caribe. Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, com seus filhos Thiago e Mateus e duas babás, também ia para Nassau e resolveu convidar Jordana para formarem um grupo e viajarem juntas no jato de Eike. Convite aceito, o grupo decolou do aeroporto Santos Dumont por volta das 20h. Fernando Cavendish, sua mãe, a filha mais velha, o secretário de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, e mais a sogra de Côrtes, a mulher, duas filhas e duas babás seguiram em vôo comercial, que correu sem incidentes. O jato de Eike, com Adriana, Jordana, filhos e babás, posou em Manaus para que os passageiros apresentassem os documentos de saída do Brasil. E aí…

Aí deu rolo. O filho de Jordana, do primeiro casamento dela, estava sem o documento assinado pelo pai autorizando-o a deixar o país. Agentes da Polícia Federal foram inflexíveis no cumprimento da norma. Não cederam nem diante de um pedido feito por Cabral, que telefonou para eles. Como o impasse foi resolvido? Simples. Muito simples.

Adriana Ancelmo, os dois filhos e suas babás retomaram o vôo para Nassau. Jordana, o filho e a babá ficaram em Manaus à espera do documento que lhes permitiria continuar a viagem. O documento chegou dois dias depois. O jato de Eike, que esperava o desfecho do caso em Nassau, voltou a Manaus.

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Dali, com os passageiros remanescentes, novamente voou para Nassau. Faltava alguém para completar a lista dos que haviam combinado passar uma semana de férias no luxuoso hotel Atlantis, de seis estrelas. Quem? Cabral! E lá se foi o jato de Eike buscá-lo no Rio, juntamente com três agentes de segurança.

E outra vez o jato decolou para Nassau. Os Cabral e Cavendish ocuparam duas espaçosas suítes, uma em frente da outra. A diária? Cerca de 800 dólares. Desfrutaram de dias de sol fraquinho e de algum frio ao entardecer. Depois de sete dias, a contar da chegada a Nassau pela primeira vez do jato de Eike, teve início a viagem de volta.

Os que haviam ido para Nassau em vôo comercial desembarcaram no Rio em vôo comercial. Os que voaram nas asas de Eike retornaram em suas asas. O quilômetro voado no Legacy custa R$ 25,00. Quase seis mil quilômetros separam o Rio de Nassau. Por deferência de Eike, Cabral economizou uns R$ 600 mil. Sem contar o trecho Nassau-Manaus-Nassau.

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É difícil crer que Cabral na semana passada tenha encomendado a seus assessores um código de conduta capaz de orientá-lo nas suas relações com empresários. Um código que deverá distinguir entre o público e o privado. Com efeito, seria preciso mesmo um código para vetar por imoral a alegre vilegiatura de Cabral na Bahamas? Por suposto, não! Há códigos sobrando por aí, e vergonha faltando.

Cabral, o Pedro, descobriu o Brasil. Que agora descobre Cabral, o Sério. Êpa! Quis dizer: Cabral, o Sérgio.

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