Tomografia revela interior de fóssil de mamífero pré-histórico no RS; veja
Espécie que habitou o Rio Grande do Sul há 260 milhões de anos, muito antes do aparecimento dos dinossauros, teve sua anatomia interna detalhada
Um fóssil brasileiro de 260 milhões de anos acaba de ganhar uma nova “radiografia”. Pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e do Museu Nacional/UFRJ usaram tomografia computadorizada de alta resolução para examinar o interior do Rastodon procurvidens, um pequeno dicinodonte (grupo de antigos parentes dos mamíferos) encontrado há cerca de dez anos na região da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul.
Descrito em 2016, o Rastodon já chamava atenção por exibir presas curvas voltadas para a frente, um traço incomum entre os dicinodontes, geralmente caracterizados por bico desdentado e presas voltadas para trás. Apesar da boa preservação, parte da anatomia permanecia oculta pela rocha. Com a microtomografia, os cientistas puderam “abrir” virtualmente a boca do animal e gerar modelos 3D do crânio e de ossos internos, sem danificar o material.
A análise, publicada no Zoological Journal of the Linnean Society, revelou detalhes inéditos do céu da boca, da mandíbula e de ossos cranianos, além de indicar que o espécime era um jovem adulto. Os dados também reposicionam a espécie dentro da evolução dos dicinodontes, mostrando afinidades com grupos que cavavam tocas, comportamento que pode ter ajudado alguns representantes a sobreviver à maior extinção em massa da história da Terra.
Muito antes dos dinossauros…
Os dicinodontes dominaram ecossistemas terrestres no final do Período Permiano, quando os continentes ainda formavam o supercontinente Pangeia e a vida enfrentava mudanças climáticas extremas. O pequeno porte e os hábitos subterrâneos de espécies como o Rastodon ajudam a explicar por que parte do grupo conseguiu atravessar a crise que abriu caminho para a Era dos Dinossauros.
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