Orcas são flagradas ‘se beijando’ com língua na natureza; veja
Interação registrada na Noruega sugere que o gesto pode reforçar laços sociais entre as orcas e revela mais uma faceta de seu complexo comportamento.

Pela primeira vez na história, orcas selvagens foram flagradas se tocando com as bocas em uma espécie de “beijo com língua”, comportamento que nunca havia sido documentado fora de cativeiro. O encontro, que durou quase dois minutos e envolveu três episódios distintos de contato oral, foi registrado acidentalmente por turistas durante uma expedição de mergulho com snorkel no fiorde de Kvænangen, no norte da Noruega.
No vídeo, uma das orcas projeta a língua enquanto a outra parece mordiscá-la com delicadeza — uma interação batizada por cientistas de tongue-nibbling (“beliscão de língua”, em tradução livre). Até então, esse comportamento havia sido observado apenas em cativeiro, como em 2013, no zoológico Loro Parque, na Espanha.
A nova cena foi descrita em artigo publicado neste mês na revista científica Oceans e, segundo os autores, reforça a hipótese de que o gesto faz parte do repertório natural de interações sociais da espécie. Assim como ocorre entre belugas, o contato boca a boca pode desempenhar uma função de afiliação, ajudando a fortalecer vínculos e a manter a coesão dos grupos, especialmente entre indivíduos mais jovens.
Não se descarta, no entanto, que esse “beijo de língua” possa servir para outros propósitos. Os pesquisadores sugerem que ele pode estar relacionado a algum tipo de comportamento de limpeza, uma forma de pedir comida — ou até uma nova brincadeira cultural, como a curiosa moda registrada anos atrás em que orcas colocavam salmões mortos sobre a cabeça, como se fossem chapéus. Comportamentos culturais já foram documentados em várias populações de orcas, que também apresentam dialetos, cardápios e técnicas de caça distintos.
A observação foi feita em janeiro de 2024, mas só agora foi oficialmente descrita pelos cientistas, que revisaram o vídeo feito com uma câmera GoPro por um dos mergulhadores. Embora a qualidade da gravação não permita ver detalhes finos, o padrão da interação foi suficiente para identificá-la como tongue-nibbling, comportamento já bem documentado entre orcas em ambientes controlados.