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Estudo com pintinhos pode melhorar a compreensão das emoções animais

Descobertas devem melhorar o bem-estar animal e aprimorar testes de medicamentos para tratar condições psiquiátricas em humanos

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 out 2024, 17h25

Animais se emocionam? Essa é uma questão de longa data para os estudos que consideram o bem-estar animal. E não apenas o que eles sentem costuma interessar os pesquisadores, mas, principalmente, como eles conseguem comunicar suas emoções. Agora, pesquisadores do Reino Unido e do Mississipi apresentaram uma possível resposta – e ela envolve dois pintinhos e um espelho.

Em pesquisa publicada recentemente na Applied Behaviour Science, pesquisadores se juntaram para estudar emoções de aves por meio de pios e assobios comuns entre pintinhos domésticos. As descobertas podem melhorar o bem-estar animal em toda a indústria de produção avícola, além de aprimorar os testes de medicamentos para tratar depressão e ansiedade em humanos. 

Os pesquisadores buscavam uma maneira não invasiva de capturar estados de estresse nos animais. Para isso, focaram nas vocalizações emitidas pelos pintinhos enquanto se moviam livremente. O experimento envolveu equipamentos acústicos complexos instalados em uma sala isolada. Em uma instalação, eles colocaram apenas um pintinho e, em outra, um pintinho com um espelho. Os pesquisadores acreditam que a criação de um método não invasivo para detecção de estresse pode resultar em práticas mais humanas na indústria de carnes e ovos. 

“Em instalações de produção, em instalações comerciais de crescimento em geral – seja gado, suínos ou modelos aviários, como galinhas – há uma preocupação real com o bem-estar”, disse Kenneth Sufka, professor de psicologia e farmacologia da Universidade do Mississipi, em nota. “Vale a pena usar a acústica para monitorar o bem-estar nas instalações de produção? Eu acho que sim.”  

Embora pesquisadores — e fazendeiros — saibam há muito tempo que um filhote barulhento é um filhote angustiado, o conhecimento nunca foi muito mais profundo do que isso. O estudo também apresenta uma maneira não invasiva e comparativamente barata de estudar estados semelhantes à ansiedade em animais. Em modelos anteriores, a maneira de medir os níveis de estresse de um animal incluía capturá-lo, retirar sangue e medir os níveis de corticosterona, um hormônio do estresse, o que é, por si só, um método estressante de análise que pode comprometer a integridade dos resultados. 

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Além disso, os medicamentos destinados a humanos frequentemente precisam passar por estudos em animais, como os pintinhos, os ratos e até mesmo primatas antes de chegarem aos seres humanos. No entanto, como os pintinhos são frequentemente usados ​​como precursores iniciais de estudos em humanos, entender suas emoções pode melhorar os estudos sobre medicamentos para ansiedade e depressão.  

Como muitos humanos, os pintinhos são frequentemente resistentes a muitos medicamentos comuns para depressão, tornando-os um assunto principal para tratamentos alternativos. Mas se os pesquisadores não puderem antes provar que o pintinho também compartilha sintomas semelhantes aos da ansiedade, eles não podem mostrar que um medicamento melhora esse estado.  

A pesquisa também busca responder uma questão ainda mais antiga (e complexa): Quais direitos os animais têm? A resposta mais aceita considera que os animais não têm as mesmas capacidades emocionais que os humanos e, portanto, têm menos necessidades e desejos. O novo trabalho, porém, argumenta que há semelhanças emocionais entre os humanos e as aves, e ambos são capazes de apresentar sintomas de ansiedade e depressão. A consideração desses novos elementos implica na obrigação de oferecer melhores condições de vida a essas espécies.

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